sábado, 25 de maio de 2019

Xosa- A tribo que se extinguiu



A superstição, uma fé cega na feitiçaria, a total dependência económica do gado, e um receio constante da invasão do homem branco, foram os elementos que dominaram a vida dos povos nativos da África do Sul durante o século XIX.


Estes 4 factores intervieram de forma trágica na estranha história de Nongqawuse , uma jovem de 14 anos de idade, pertencente à tribo Xosa  a qual teve uma visão, que provocou a destruição  quase total da sua nação.
Havia décadas que entre a tribo Xosa uma das maiores dos Bantos, e os colonos brancos, que implacavelmente iam avançando pelo território para instalarem fazendas e construirem cidades, haviam surgido querelas sobre a terra, o gado e a mão de obra.
Em 1778 fora estabelecida, ao longo de Fish River, que delimitava os territórios de Ciskei e Transkei, a leste da provincia do Cabo, uma fronteira precária entre os Xosas e os colonos.
Seguiu-se um século de inquietação, roubo de gado e disputas fronteiriças com os fazendeiros  brancos. A seca reduziu os rebanhos dos Xosas que para estes assumiam uma importancia vital, e deixou o gado que sobreviveu em péssimas condições em consquência segundo  os nativos pensavam, das magias perpretados pelos feiticeiros ingleses.
Os ansiãos  e os chefes tribais encontravam-se tão profundamente submetidos á influência exercida pelos feiticeiros como o povo que governavam.
Em 1819 por exempo, o chefe Ndlambe foi persuadido a atacar os brancos em Grahamstown, porque o feiticeiro Makana lhe garantiu que lhe administraria uma poção que tornaria inofensivas as balas daqueles . Na batalha de consequências trágicas para a tribo, morreram, 1000 xosas.
Foi neste ambiente de medo e superstição que em 1856 Nongqause, sobrinha do feiticeiro Umhlakaza, pretendeu ter tido uma visão, que veio a condicionar o futuro dos Xosas.
MENSAGENS DOS ANTEPASSADOS
Tendo ido buscar água ao rio próximo da aldeia, encontrara, segundo contou, 5 negros corpulentos - mensageiros dos espiritos dos seus antepassados. Os espiritos, haviam-se declarado  entristecidos com o declínio da nação Xosa, e tinham decidido aparecer entre o seu povo. Formariam um exército invencível, que expulsaria definitivamente os brancos e restabeleceria a antiga glória xosa. Porém. antes de prestarem o seu auxilio os antepassados exigiam uma prova da total obediência dos Xosas que consequentemente deveriam matar todo o seu gado, destruir todo o seu cereal, e abandonar o cultivo das terras.
Deviam construir novos estábulos para o gado gordo e saudável que viria das habitações ancestrais e cavar grandes silos para o conveniente armazenamento dos cereais das abundantes colheitas que os espíritos lhes trariam.
Só quando as suas instruções fossem devidamente executadas, os espiritos ancestrais, regressariam. Seriam precedidos por um assustador turbilhão de vento que lançaria ao mar todos os que não acreditassem ou não tivessem obedecido às ordens prescritas.
CHEFE PERSUADIDO
O tio de Nongqawuse   convenceu o chefe Kreli, de que a visão da jovem profetisa era uma mensagem autêntica dos antepassados da tribo. Keli ordenou que se procedesse à destruição imediata das colheitas e à matança do gado.
 Quando alguns cépticos se recusaram a obedecer, Nongqause, recebeu outra mensagem. Encontrando-se junto ao rio, a terra rugira sob os seus pés - O rumor dos antepassados descontentes, segundo o seu tio posteriormente explicou. Gentes de todas as
 terras da tribo deslocaram-se expressamente à aldeia de Nongqawuse  para contemplar a lagoa pantanosa que segundo a crença que se generalizara constituia a entrada da habitação dos antepassados. Viram os chifres de bois e ouviram o mugir  do gado impaciente para sair.Outros declaram ter visto, os heróis xosas mortos erguerem-se do Oceano Índico, alguns a cavalo, outros a pé, passando por eles e desaparecendo.
Passararm 10 meses sem que a terra fosse cultivada. Os crentes destruiram as suas colheitas e mataram o seu gado. Milhares de xosas morreram de fome.
Apesar dos avisos, do comissário britãnico Charles Browntree, de que as profecias de Nongqawuse  jamais se realizariam, a tribo recusou-se a trabalhar a terra e continuou a sacrificar o gado.
O DESESPERO
Por fim  Nongqawuse fixou a data do regresso dos antepassados - exatamente no dia 18 de Fevereiro de 1857. Nesse dia o sol nasceria vermelho de sangue e manter-se-ia imóvel no céu. Depois começaria a girar, e por-se-ia de novo a leste. Turbilhões e furacões varreriam violentamente a terra, lançando ao mar os brancos e os xosas descrentes.


Na véspera do grande dia, os xosas enfeitaram-se festivamente com colares e pintaram os corpos. Os que ainda tinham forças suficientes dançaram durante toda a noite, enquanto os outros, esfomeados e enfraquecidos, aguardavam sentados pacientemente o término da sua miséria."Olhando para o retorno dos guerreiros mortos" por FT I'Ons.  Isto é pensado para representar a cena em 18 de fevereiro de 1858:
O sol erqueu-se e descreveu o seu curso lento através do quente céu de Fevereiro - apenas para se ir pôr a oeste como sempre acontecera desde o principio dos tempos. Deixou atrás de si, a amargura e o desalento de um povo famélico.
A tribo desesperada, comeu raízes, amoras e até a casca e a seiva das mimosas. Roeu os ossos e o couro do seu gado há muito morto e invadiu os postos missionários e as aldeias mais importantes em busca de socorro.
Umhlakaza, escondeu-se do seu povo desiludido. O seu projecto de explorar a fome como incitamento contra os brancos falhara, e ele próprio, morreu de fome.
 Nongqawuse foi presa e subsequentemente enviada para uma herdade na província Oriental onde morreu no ano de 1898-seguramente a figura isolada mais trágica da história da África do sul.
E o seu povo? Mais de 20.000 pessoas morreramvítimas da sua crença louca, e dos 43.000 sobreviventes, cerca de 30.000 salvaram-se apenas arranjando trabalho nas herdades dos brancos.







sexta-feira, 26 de abril de 2019

Escolha o seu veneno


Gustavo III da Suécia considerava o café um veneno.
Para demonstrar a sua teoria, condenou um assassino a beber café todos os dias até morrer. 
A fim de estabelecer uma comparação, outro assassino foi perdoado, sob a condição de beber chá diariamente. 

Foram nomeados 2 médicos para supervisionarem a experiência e verificarem quem morreria primeiro.
Porém, os primeiros a morrer, foram os médicos . Seguiu-se o rei assassinado em 1792 .
 E decorridos muitos anos um dos criminosos, morreu aos 83 anos, Tratava-se do bebedor de chá.

Os resultados da experiência foram abandonados e assim se desconhece  quando morreu o bebedor de café.
                                                                         
A  proibição de beber café foi restabelecida na Suécia, primeiro em 1794 e mais tarde em 1822.

                                                                          ***
Moral da história,  morrer morres sempre de uma maneira ou de outra. Nos intervalos  aproveita a vida.
E Viva o café!!!

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Não posso adiar o amor...

rosa chá  A noite flutua  e as rosas dormem mimosas  aos beijos da lua.  Humberto del Maestro:
                                                    Para António...

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

17 Out 1924 // 23 Set 2013
Poeta/Ensaísta


Considerado um dos melhores poetas portugueses contemporâneos, António Ramos Rosa, recebeu inúmeros prémios e já viu o seu nome apontado como candidato ao Prémio Nobel da Literatura.

A aventura das palavras que é a sua poesia não deixa indiferentes os que a lêem; o poeta figura em inúmeras antologias estrangeiras, nomeadamente na Europa e América-Latina.

Ler e partilhar a poesia de António Ramos Rosa é entrar numa viagem grátis pelo mundo perfeito da fantasia que é o da realidade





quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Meu País Desgraçado

Meu país desgraçado!…
  E no entanto há Sol a cada canto e não há Mar tão lindo noutro lado.
  Nem há Céu mais alegre do que o nosso, nem pássaros, nem águas…
  Meu país desgraçado!… Porque fatal engano?
  Que malévolos crimes teus direitos de berço violaram?
Meu Povo de cabeça pendida, mãos caídas, de olhos sem fé — busca, dentro de ti, fora de ti, aonde a causa da miséria se te esconde.
  E em nome dos direitos que te deram a terra, o Sol, o Mar, fere-a sem dó com o lume do teu antigo olhar.

Alevanta-te, Povo!
  Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres, a calada censura que te reclama filhos mais robustos!
  Povo anémico e triste, meu Pedro Sem sem forças, sem haveres! — olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
  Reganha tuas barcas, tuas forças e o direito de amar e fecundar as que só por Amor te não desprezam!

Sebastião da Gama

sábado, 24 de novembro de 2018

A lenda dos cogumelos venenosos


Há muito, muito tempo. num país distante, havia um pequeno bosque repleto de inebriantes tons de verdes e castanhos. Conta-se que este bosque era habitado por duendes que cuidavam dele como se fosse um jardim, e por isso crescia uma vegetação abundante e no solo os mais belos e saborosos cogumelos jamais vistos. Todos os anos, pela Primavera, vinham habitantes de outras terras em romaria só para ver e comprar tão exuberantes cogumelos.




Talvez por ser um lugar mágico, os jovens habitantes daquela aldeia escolhiam os troncos das suas árvores para fazerem juras de amor. Muitos eram os casais de namorados que se encontravam à noite às escondidas, por entre as folhagens dos arbustos e as grossas raízes que rompiam a superfície, e trocavam carícias e beijos proíbidos

Conta-se que uma noite uma jovem apaixonada seguiu o seu amado pela escuridão, calcorreando caminhos de pedras e terra batida apenas acompanhada por uma lua tímida. Perdida, e sem encontar o seu amado, a jovem sentou-se à beira de um pinheiro alto para descansar. Foi nesse momento que ouviu, não muito longe, risos e susurros. Levantou-se devagar, escondendo-se por detrás das ramagens de uma giesta, e viu destroçada o seu amado segurando com os braços outra rapariga da aldeia. A jovem ficou a vê-los enlaçados sobre uma cama de folhas amarrotadas e, quando abandonaram o local abraçados, o seu amado arrancou um cogumelo vermelho do chão e colou-o no decote do peito da  amada


Diz-se que a jovem chorou a noite inteira e as suas lágrimas invadiram o solo verdejante onde brotavam os cogumelos coloridos. A tristeza da jovem sensibilizou a natureza e nesse dia o sol não raiou. Uma penumbra apoderou-se do céu e todos cogumelos perderam a cor. Conta-se que depois daquele estranho dia em que o sol não nasceu e os cogumelos mudaram de cor, as pessoas que comeram aqueles cogumelos morreram envenenadas.

Lendas de Portugal

domingo, 27 de maio de 2018

A prisão dourada


Experimenta fazer esta experiência:

Constrói um castelo. Começa pelo chão e coloca-lhe mármore.
De seguida enche as paredes de obras de arte, e aqui e ali,  ouro, pássaros do paraíso, jardins suspensos e depois  entra lá para dentro..

Pode ser que nunca mais queiras de lá sair. Tens lá tudo o que sonhaste um dia e pensas;
Oh... finalmente! Que bem que aqui estou... !

Mas de repente, - quem diria - constroem muros à volta do teu castelo e dizem-te!
Tudo isto é teu  desde que nunca saias daqui.
Então, acredita, nesse mesmo instante desejarás abandonar  esse teu castelo trepando pelo muro e saltando  para fora.

De repente todo esse luxo  toda essa grandeza se torna num peso  e sentes um enorme  sofrimento..

Afinal ... apenas de uma coisa precisas.
Um pouco de  Liberdade...!


Foi em Dostoievski  e na sua Prisão Dourada texto extraído do seu livro  Crime e Castigo escrito em 1866 que pensei ao ver esta linda rosa a tentar sair pelo  muro  do jardim de uma  linda mansão ali para os lados das Antas.

Há cada coisa...


quarta-feira, 2 de maio de 2018


Segundo uma  lenda de origem  Alemã, no tempo dos contos de fadas, um cavaleiro, acompanhando em passeio a sua dama pela beira de um rio, viu umas lindas e minúsculas flores.
Atencioso apressou-se a colher um lindo bouquêt. mas escorregou e caiu ao rio.

 O peso da sua armadura não o deixou levantar-se e ao sentir que ia morrer afogado, ele atirou as flores para a sua amada, dizendo "Não te esqueças de mim"
A partir daí as florzinhas ficaram  a serconhecidas por este nome..."Não te esqueças de mim"...

Poemas inconjuros

  A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias Cada coisa é o que é . E é difícil explicar a alguém quanto isso me...