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domingo, 25 de fevereiro de 2018

Sentenças rimadas


Quem fêz a casa na praça
A muito se aventurou ;
Uns dizem que ela que é baixa,
Outros que de alta passou.


Tudo o que nasceu morreu
Lá no pino do verão;
Tudo torna a renovar,
Só a mocidade não !


Pelo céu vai uma nuvem
Todos dizem: - Bem na vi!
Todos falam e murmuram,
Ninguém olha para si.


A cantar ganhei dinheiro,
A cantar se me acabou;
O dinheiro mal ganhado,
Água o deu, água o levou .


Bendito Senhor da Serra,
Lá no alto do Padrão;
Quem não quer que o mundo fale,
Não lhe dê ocasião .


O cravo depois de sêco,
Foi-se queixar ao jardim:
A rosa lhe respondeu:
 - Por tempo tudo tem fim.


O ladrão do milho verde,
A manha que ele sabia:
Guardava orvalho de noite
P'ra beber em todo o dia !


Se à minha porta faz lama,
À tua faz um lameiro ;
Não digas mal de ninguém ,
Sem olhares p'ra ti primeiro.


Debaixo da trovisqueira
Saiu a perdiz cantando;
Deixemos falar quem fala...
É mundo, vamos andando


Tu queres subir ao alto,
Ao alto queres subir ;
Mas quem ao mais alto sobe,
Ao mais baixo vem cair.


Uma saudade me mata,
Uma crença me sustém,
Uma esperança me diz:
Após tempo, tempo vem.




domingo, 9 de abril de 2017

O calendário

Janeiro gear,
Fevereiro chover,
Março encanar,
Abril espigar;

Maio engrandecer,
Junho ceifar,
Julho debulhar,
Agosto recolher;

Setembro vindimar,
Outubro revolver,
Novembro semear,
Dezembro nascer
Deus para nos salvar.

Teófilo Braga ( sécs XlX XX )
Cancioneiro popular português


Joaquim  Teófilo Fernandes  Braga
(1843-1924
Foi um poeta politico e ensaista português
Eleito Presidente da República Portuguesa, entre 1910 e 1915 pelo Partido Republicano Português e Partido Democrático


quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Cantigas Populares


Ó ares da minha terra,
Vinde  por aqui levar-me:
que os ares da terra alheia
nao fazem senão matar-me !


 Trabalhai, dobrai o corpo,
se quereis ter algum bem;
olhai que nas eras de hoje,
quem não trabalha não tem.


Eu casei-me e cativei-me
"inda não me arrependi:
quanto mais vivo contigo,
menos posso estar sem ti.


Minha mãe é pobrezinha
nada tem para me dar:
dá-me beijos coitadinha,
e depois põe-se a chorar!


Minha mãe era uma santa,
por quem sempre chorarei,
porque amor igual ao dela,
nunca mais encontrarei.


Nem só de alegre se canta,
nem só de triste se chora;
de alegre tenho eu chorado
e de triste canto agora.


Cláudio Basto, (Flores de Portugal)
( o médico professor)


Cláudio Filipe Oliveira Basto, nasceu em Viana do Castelo em 1886 e faleceu em Carcavelos em 1945
Era formado em medicina ainda que paralelamente se tenha dedicado  mais ao ensino em escolas secundárias e escolas profissionais e ao estudo dos costumes da  língua e literatura  portuguesa como professor  e com funções de médico escolar
Escreveu e publicou vários livros entre os quais « Foi Eça de Queirós um plagiador? » 






quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Contra a Trovoada



Santa Bárbara Virgem se vestiu e calçou,
pelo caminho do Senhor andou;
encontrou o Senhor, e o Senhor lhe perguntou:
- O Bárbara, tu onde vais?
- Ó Senhor, eu ao Céu vou
desmanchar a trovoada
que vós lá tendes armada.
- Pois vai, Barbara, e bota-a ao monte maninho,
onde não haja pão nem vinho,
nem abafo de menino,
nem raminho de oliveira,
nem pedrinha de sal,
nem coisa a que faça mal.


POPULAR

 Do meu Livro do 1º ano do liceu 1952



domingo, 17 de janeiro de 2016

Rosas Santas

Raínha Santa:


Em terras de Portugal, uma princesa reinava,
A quem o povo leal, luz dos seus olhos chamava.


À vista só do seu manto, por onde quer que passasse,
 corava a todos a face,
secava a todos o pranto.


Ora uma vez que a princesa, por minha ponte seguia,
 como eu, num fio morria, doeu-lhe a minha pobreza.


E logo seu manto abriu, donde tombaram mãos cheias de rosas,
com que cobriu estas enxutas areias.


E quando a noite chegou, temendo vê-las murchar,
a Lua, mal despontou, pôs-se a chorar, a chorar,


que a chuva que entáo choveu, da Lua vinha por certo,
pois nuvens, não as vi eu, e o céu,
era um céu aberto..


E minhas águas cresceram, e minhas águas levaram,
rosas, que os campos encheram, rosas que o mar perfumaram.


Manuel da Silva Gaio (Versos escolhidos (século XX)

Livro do 1º ano do liceu 1952

Poemas inconjuros

  A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias Cada coisa é o que é . E é difícil explicar a alguém quanto isso me...