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sábado, 8 de abril de 2017

O ouro

Era uma vez um rei que tendo achado no seu reino minas de ouro, empregou a maior parte dos seus vassalos a extrair o ouro dessas minas; e o resultado foi que as terras ficaram por cultivar, e houve uma grande fome no país.
 
 Mas a raínha que era prudente e que  amava o  povo mandou  fabricar em segredo frangos, pombas, galinhas e outras iguarias todas de  ouro fino; e, quando o rei quis jantar mandou-lhe servir essas iguarias, com que ele ficou todo satisfeito, pois não compreendeu ao principio qual era o sentido da raínha; mas, vendo que não lhe traziam mais nada de comer, começou a zangar-se
Pediu-lhe então a raínha que visse bem que o ouro não era alimento, e que seria melhor empregar os seus vassalos em cultivar a terra que nunca se cansa de produzir.do que trazê-los nas minas à busca do ouro, que não mata a sede nem a fome e que não tem mais valor do que a estimação, que lhe é dada pelos homens, estimação que havia de converter.se em desprezo, logo que o ouro aparecesse em abundância.
...
A raínha tinha juízo.

Guerra Junqueiro (sécs XlX-XX)

quinta-feira, 6 de abril de 2017

O príncipe com orelhas de burro

Era uma vez um rei, que vivia triste por não ter filhos, e mandou chamar três fadas para para que fizessem com que a raínha lhe desse um filho.
As fadas prometeram-lhe que os seus desejos seriam satisfeitos e que elas viriam assistir ao nascimento de príncipe.
Ao fim de nove meses a raínhadeu à luz um filho e as três fadas fadaram o menino.  A primeira fada disse:
-Eu te fado para que sejas o príncipe mais forte do mundo.
 A segunda fada disse:
Eu te fado para que sejas muito virtuoso e entendido.
A terceira fada disse:
Eu te fado para que te nasçam umas orelhas de burro!

Foram-se as três fadas e logo apareceram ao príncipe as orelhas de burro.O rei mandou fazer sem demora um barrete, que o príncipe devia usar sempre para cobrir as orelhas.
Crescia o príncipe em formosura e ninguém sabia na corte que ele tivesse   as tais orelhas de burro.
Chegou a idade em que ele tinha de fazer a barba, então o rei mandou chamar o seu barbeiro e disse-lhe:
- Farás as barba ao príncipe; mas se disseres a alguém que ele tem orelhas de burro, morrerás!
Andava o barbeiro com grandes desejos de contar o que vira; mas, o receio de que o rei o mandasse matar, calava consigo. Um dia foi.se confessar e disse ao padre:
- Eu tenho um segredo que me mandaram guardar: mas, se o não digo a alguém, morro; e se o digo, o rei manda-me matar. Diga, Padre; o  que hei-de fazer?
Responde-lhe o Padre, que fosse a um vale, que fizesse uma cova na terra, e que dissesse o segredo tantas vezes até ficar aliviado desse peso, e que depois tapasse a cova com terra.
O barbeiro, assim fêz; e, depois de ter tapado a cova, voltou para casa descansado.

Passado algum tempo, nasceu um canavial onde o barbeiro tinha feito a cova.Os pastores, quando ali passavam com os seus rebanhos, cortavam canas para fazer gaitas ; mas quando tocavam nelas, saíam umas vozes que diziam: - Príncipe com orelhas de burro ! -

O próprio rei, também tocou e sempre ouvia as vozes ! Então o rei mandou chamar as fadas e pediu-lhes que tirassem as orelhas de burro ao príncipe.
Então elas mandaram reunir toda a corte e ordenaram ao príncipe que tirasse o barrete ; Mas qual não foi o contentamento do rei, da raínha e do príncipe,  ao verem que já lá não estavam, as tais orelhas de burro !...
E a partir desse  dia  as gaitas que os pastores faziam, deixaram de dizer : - Príncipe com orelhas de burro ! -

Adolfo Coelho
Retirado do meu livro do 1º ano do ensino liceal 1952

 Francisco Adolfo Coelho 1847-1919
Filólogo, escritor e pedagogo autodidacta foi uma das figuras mais importantes da intelectualidade portuguesa dos finais do século XlX

Poemas inconjuros

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