Era uma tarde
De vento agreste e de inclementes chuvas.
À porta do palácio, a multidão
De aleijadinhos, orfãos e viúvas,
Mal coberta de andrajos, a tremer,
Pedia pão...
«Que havia de, entretanto acontecer?
Vinha Isabel com uma abada de ouro,
Um deslumbrante e autêntico tesouro,
E ia já dá-lo aos pobrezinhos, quando
El-Rei lhe tolhe o passo...
- Que trazeis vós senhora no regaço? -
Pergunta D. Dinis. Ela corando,
responde-lhe - São rosas meu senhor...
- Rosas no Inverno ? Não será engano? ...
- É que estas rosas são de todo o ano -
Diz a raínha então
- São rosas de piedade e de perdão ,
Rosas de luz
Rosas de amor,
Duma roseira que plantou Jesus ...-
E desdobrando o seu brial de seda,
mostrou-lhas a sorrir ...
Cada moeda
Se transformara por milagre em flor ...
E frescas, orvalhadas e viçosas,
aos pés de el-rei cai um montão de rosas...
Pelo ar derramou-se um tal aroma
Tão doce e tão fragrante,
Como se alguém tivera nesse instante
Quebrado uma redoma
de bálsamos celestes...
Cândido Guerreiro (século XIX XX )
Escritor português nascido em 1871 em Alte no Algarve e faleceu em 1953
Imagem da Raínha Santa- Capela Nossa Senhora dos Anjos Dos Padres Franciscanos
Rua dos Bragas -Cedofeita Porto
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sábado, 16 de dezembro de 2017
domingo, 17 de janeiro de 2016
Rosas Santas
Em terras de Portugal, uma princesa reinava,
A quem o povo leal, luz dos seus olhos chamava.
À vista só do seu manto, por onde quer que passasse,
corava a todos a face,
secava a todos o pranto.
Ora uma vez que a princesa, por minha ponte seguia,
como eu, num fio morria, doeu-lhe a minha pobreza.
E logo seu manto abriu, donde tombaram mãos cheias de rosas,
com que cobriu estas enxutas areias.
E quando a noite chegou, temendo vê-las murchar,
a Lua, mal despontou, pôs-se a chorar, a chorar,
que a chuva que entáo choveu, da Lua vinha por certo,
pois nuvens, não as vi eu, e o céu,
era um céu aberto..
E minhas águas cresceram, e minhas águas levaram,
rosas, que os campos encheram, rosas que o mar perfumaram.
Manuel da Silva Gaio (Versos escolhidos (século XX)
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