Em terras de Portugal, uma princesa reinava,
A quem o povo leal, luz dos seus olhos chamava.
À vista só do seu manto, por onde quer que passasse,
corava a todos a face,
secava a todos o pranto.
Ora uma vez que a princesa, por minha ponte seguia,
como eu, num fio morria, doeu-lhe a minha pobreza.
E logo seu manto abriu, donde tombaram mãos cheias de rosas,
com que cobriu estas enxutas areias.
E quando a noite chegou, temendo vê-las murchar,
a Lua, mal despontou, pôs-se a chorar, a chorar,
que a chuva que entáo choveu, da Lua vinha por certo,
pois nuvens, não as vi eu, e o céu,
era um céu aberto..
E minhas águas cresceram, e minhas águas levaram,
rosas, que os campos encheram, rosas que o mar perfumaram.
Manuel da Silva Gaio (Versos escolhidos (século XX)
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