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quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

A origem do Natal


O Natal e a Páscoa as principais festas do calendário cristão,  tiveram a sua origem na superstição e nos rituais pagãos  séculos antes do nascimento de Cristo.
Só no século lV o dia 25 de Dezembro foi definitivamente fixado como  festa da Natividade, porque o hábito pagão de que derivavam os hábitos cristãos se realizava por volta dessa data.Até então  era a festa do Solstício de inverno, uma combinação  do Festival escandinavo de Yule  e das Saturnais dos romanos

Uma semana de festins

Os festejos romanos prolongavam-se por sete dias e constituiam uma ocasião para troca de presentes - hábito pagão incorporado no Natal.
 Mesmo os mais acérrimos defensores não logravam erradicar a noção de que os Saturnais eram época de diversão


Os romanos costumavam trocar de papel com os seus escravos que elegiam o seu próprio "rei" para a festividade o qual presidia a um grande banquete a que o amo o servia com todas as honras assim como a todos os seus companheiros de escravidão.
No final da ceia os escravos- rei  eram conduzidos para o anfiteatro, onde eram executados


Em Inglaterra há  um hábito semelhante nas forças armadas inglesas em que os oficiais seguindo a tradição romana servem a ceia de Natal na messe aos soldados.


Quando invadiram a Inglaterra em 1066 os Normandos introduziram nas festividades natalícias um rei fantoche com o  nome  Lord da Confusão cuja missão era garantir a realização das festividades segundo os velhos métodos pagãos.




Árvores de Natal e velas, são tradições escandinavas ; eram símbolos de fogo e da luz que aliviavam os homens do frio e das trevas do inverno nórdico .


Séculos depois e com a implantação do cristianismo surgiram as canções e os autos de Natal
E o Pai Natal substituiu  Lord Confusão no seu  traje vermelho como  S. Nicolau o santo patrono das crianças



* Saturnais
Nome de uma festa da Roma antiga em honra de Saturno, o deus romano das colheitas. A festa começava a 17 de Dezembro e durava sete dias.


*Festival  de Yule
É uma comemoração do norte da Europa pré-cristã. Os germanicos celebravam o Yule desde o final de Dezembro ao primeiro dia de Janeiro, abrangendo o solstício de inverno.


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

História antiga

Era uma vez, lá na Judeia, um rei
Feio bicho, de resto:
uma cara de burro sem cabresto
e duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
que naquela figura não havia
olhos de quem gosta de crianças

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
o malvado,
só por ter o poder de quem é rei
por não ter coração,
sem mais nem menos
mandou matar quantos eram pequenos
nas cidades e aldeias da nação.

Mas,
por acaso ou milagre, aconteceu
que, num burrinho, pela areia fora,
fugiu
daquelas mãos de sangue um pequenino
que o vivo sol da vida acarinhou:
e bastou
esse palmo de sonho
para encher este Mundo de alegria:
para crescer, ser Deus:
e meter nos infernos o tal das tranças,
só porque ele não gostava de crianças.

Miguel Torga
1907-1995
Escritor português com mais de cinquenta obras publicadas

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Árvore de Natal


Uma das primeiras pessoas a ter em casa no Natal, uma árvore iluminada com velas foi o reformador protestante Martinho Lutero, pelo ano de 1500...!
E provavelmente como função principal a de encher  a casa de luz.

Mas o culto da árvore tem raízes muito mais profundas na história alemã.
 (Para os alemães, independentemente da religiosidade de cada um, a árvore de Natal é um símbolo de paz, tranqüilidade e introspecção.)
 No paganismo  as árvores eram consideradas simbolos da fertilidade, pois as suas folhas rebentavam, após o Inverno, facto provávelmente, em função da qual a árvore se converteu num símbolo da celebração do nascimento de Cristo.


E possívelmente  a  escolha recaiu sobre o abeto e o pinheiro, porque estas árvore se encontram sempre verdes e devido também à sua forma que lembram os  campanários.
... E assim chegamos aos nossos dias, e a árvore de Natal descartado o abeto e para bem do pinheirinho, se pode adquirir em qualquer loja, de matéria plástica e  dura uma vida inteira..☺ ㋡

* No entanto ainda se pode ver por aí e passada a época natalícia,  pequenas arvores (pinherinhos) em formação,  no lixo...!
E porque é Natal
Ouçam o grito...E FELIZ NATAL...!

.. ❀*•.¸¸♥





terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A culpa do azevinho

O azevinho, a planta sagrada dos Druídas, era suspenso no exterior das casas dos Vikings como um sinal de paz e de boas-vindas aos estrangeiros. Há um  hábito criado pelos Druídas de as pessoas se beijarem debaixo do azevinho selando um compromisso, mas parece estar confinado ao mundo da língua inglesa, já que não se encontram vestígios dele noutros países

Para os primeiros cristãos, segundo os quais Cristo fora crucificado numa cruz de madeira de azevinho, o peso da culpa fizera murchar a planta que não sendo utilizada na decoração das igrejas se manteve contudo, como o emblema por excelência da época natalícia.

Segundo historiadores  o azevinho também está  ligado à história cristã, por ter auxiliado a esconder Jesus Cristo dos Soldados de Herodes.E que a título de reconhecimento, lhe terá dado a vantagem de conservar as folhas verdes por muito tempo, mesmo durante os meses frios de Inverno. As folhas espinhosas e os bagos vermelho-sangue servem para incutir nos cristãos a memória de que Cristo nasceu para ser coroado de espinhos e derramar o seu sangue para livrar  os Homens do pecado.


Actualmente, o azevinho é mais planta decorativa que sagrada, mas a sua presença  na época natalícia mantém-se , sendo considerada, um símbolo de proteção

O azevinho é também alimento de aves que em época de escassêz alimentar comem as suas bagas, e pelo que me foi dado obeservar nem precisam de amadurecer, para serem consumidas.
* É protegido por lei, desde 1989 em todo o território do continente português , que proíbe o arranque, e o corte total ou parcial, o transporte e a venda de azevinho espontâneo

Fotos : Quinta de Covelo e Arca d'Agua- Porto

sábado, 4 de novembro de 2017

O presente de Natal

Quando eu tinha nove anos costumava aparar o relvado de uma senhora  de idade e minha vizinha chamada senhora Long Ela pagava-me pouco, o que não era de estranhar,  naquele tempo  não havia  muito dinheiro.

 Mas dizia-me sempre:
Quando chegarmos ao Natal você vai  ganhar  um presente. E dizia-o com tanto entusiasmo que eu me convenci que ia receber algo fantástico.
Passava horas imaginando o que seria. Os meus amigos tinham luvas de beisebol bicicletas e patins de gelo, que eu desejava ardentemente e acabei por me convencer que o presente da senhora Long seria uma dessas coisas.


No meu último sábado de trabalho a senhora Long declarou:
- Agora lembre-se, por ter sido um bom menino durante o  Verão, no Natal estarei à sua espera para lhe dar o presente . Venha buscá-lo.

Com a aproximação do Natal era difícil controlar a vontade para não ir até à porta da senhora Long e reclamar o meu presente . Afinal era só o principio de Dezembro e muito cedo para isso.
Chegou o dia 15  e também o dia 20 e a minha família a recordar-me  a dizer-me para ter calma que os presentes de Natal nunca se abriam  antes do dia de Natal.


No dia 21 de Dezembro uma forte onda de frio congelou todos os lagos e os meus amigos puderam usar os seus patins O meu desejo de possuir os meus embora não pudesse abrir o presente antes do dia, tornou-se insuportável
Foi impossivel resistir mais. E no dia 22 de Dezembro desci a rua e bati à porta da casa dela  e declarei.
. Vim buscar o meu presente senhora Long.

 - Eu estava à sua espera - disse ela conduzindo-me à sala de estar com as suas janelas de reposteiros  de veludo vermelho


Convidou-me a sentar numa cadeira enquanto, enquanto se afastava  para no  minuto seguinte aparecer diante de mim com um embrulho que de maneira  nenhuma  poderia conter uma luva de beisebol, um par de patins.e muito menos uma bicicleta

Experimentei uma dolorosa decepção, mas que  me recorde não o demonstrei porque durante toda a semana  os meus familiares me haviam prevenido:
- Seja o que for que ela lhe dê,  receba-o cortêsmente e agradeça.

O embrulho tinha cerca de 25 centímetros de comprimento por 30 de largura e não mais de 1 centímetro de espessura e ao pegar nele a sua extrema leveza cativou-me Não pesava quase nada.

 Entretanto o desapontamente foi sendo substituído pela curiosidade
- O que é? - perguntei.
 - Você verá no dia de Natal
Sacudi-o. Nada balançou, mas pude captar um som misterioso e abafado que me era de algum modo familiar, mas indefinível.
- Que é? - perguntei novamente

E uma espécie de mágica disse a senhora Long.
E foi tudo...

As palavras dela lançaram na minha mente um turbilhão de possibilidades e quando cheguei a casa eu já estava convencido que levava comigo uma grande maravilha.

Como me pareceu longa a noite de Natal! Havia outros presentes , mas a só caixa da senhora Long  se sobrepunha a todos, pois relacionava-se com a tal magia...

Na manhã de Natal e antes do nascer do sol eu já tinha a caixa sobre os joelhos e rebentava o cordão colorido e usado que a amarrava. De seguida retirei o papel que a envolvia e  uma caixa muito fininha, apareceu aos meus olhos.
Excitadíssimo ergui a tampa  e dentro deparei-me com uma pilha brilhante de 10 folhas finas de papel,  negro cada uma rotulada com letras iridiscentes.
Vagamente recordei que o presente tinha algo a ver com mágica e com essa palavra nos meus lábios, voltei-me para os adultos  que assistiam à abertura do presente e perguntei

Isto é mágica?

A tia Laura que era professora com grande presença de espírito exclamou:
 - É realmente!

Então, pegou em duas folhas de papel branco colocou entre elas uma das folhas negras  da caixa e com um lápis escreveu o meu nome  na folha de cima. Depois,  retirando-a e também o papel carbono entregou-me a segunda folha onde o lápis nem sequer tocara.
E lá estava o meu nome.
Nítido e negro, tão claro e belo como o próprio Dia de Natal!



Fiquei fascinado! Aquilo era realmente mágica...de primeira grandeza! Um lápis escrever numa folha de papel e misteriosamente gravar na outra era um milagre para a minha mente infantil e posso declarar honestamente que,  naquele instante, na obscuridade da manhã de Natal, eu aprendi tanto sobre impressão, reprodução de palavras enfim  o mistério fundamental da disseminação de ideias.

Naquele dia de Natal, aprendi tanto ou mais  quanto aprendi nos cinquenta anos seguintes da minha vida.

Passei o dia a escrever incansávelmente  consumindo folhas de papel branco  até que finalmente gastei a última camada de negrura das 10 folhas de papel carbono.  Foi o presente mais encantador que um menino como eu poderia ter recebido infinitamente mais significativo  que uma luva de beisebol, ou um par de patins.
Foi o presente que eu precisava e ganhei-o naquele Natal altura em que melhor o compreendi. E por me haver revelado algo sobre reprodução de palavras  abriu-me os vastos portais da imaginação e as portas do meu futuro.

Já passaram muitos natais na minha vida e outros presentes. Mas nenhum jamais teve tanto valor  tanta importância na minha vida como o presente da senhora Long.

Os presentes  têm apenas um encanto temporário como no caso dos ambicionados  patins,
Mas o grande presente, aquele que nos marca,  perdurará pelo resto das nossas  vidas
.

Só alguns anos depois compreendi que as 10 folhas de papel carbono  que a senhora Long me dera nada lhe tinham custado.  Possivelmente tinha-as usado nos seus trabalhos manuais  e depois de utilizados  tê.las-ia deitado fora, mas teve o engenho de adivinhar que um menino poderia tirar proveito de um presente totalmente estranho na sua esfera de experiências do dia a dia.

Embora não gastasse dinheiro no presente que me ofereceu gastou algo infinitamente valioso...
Imaginação.!

Para  este ano o meu desejo é que algumas crianças recebam dos seus pais parentes e amigos,   presentes que os conduzam a algo que lhes estimule a sensibilidade e a  imaginação

São presentes e experiências destas  - que geralmente pouco ou nada custam - que transformam uma vida  imprimindo-lhe um ímpeto que poderá permanecer pela vida inteira.



James Michener
                                                             

James A. Michener foi  um escritor  norte americano e um dos mais importantes do Século XX
 É o autor de vários livros  entre os quais : As Pontes de Toko Ri, Sayonara, e Histórias do Pacífico Sul

Nasceu em 1907 e faleceu em 1997


sábado, 17 de dezembro de 2016

Presépio

Dos teus vários brinquedos de criança,
muitos dos quais te dava o Deus-Menino,
há um que mais perdura na lembrança:
o presépio que armaste em pequenino .


A igreja de cartão que tu fizeste,
onde um par de bonecos se casou!
E o desgosto profundo que tiveste
Quando o padre de barro se quebrou!


Um galo empoleirado sobre um sino,
de bico muito aberto de contente,
cantava anunciando que o Menino
sobre s palhas nascera humildemente .


Mais além, era um rancho que folgava,
com guitarras pandeiros e violas,
tendo à frente uma preta que dançava
brandindo com salero, as castanholas


E lavadeiras, frescas e formosas,
entoavam canções ao desafio;
e, arregaçando as saias vaporosas,
lavavam debruçadas sobre o rio.


Junto à fonte, sorrindo em seus afagos,
namorados juravam seus amores.
E, descendo a colina, os três Reis Magos
caminhavam à frente duns pastores.


Ao pé da gruta onde Jesus dormia,
um soldado de chumbo, prazenteiro,
com a sua espingarda o protegia
de qualquer inimigo traiçoeiro.


Eram estes bonecos tentadores
que te encantavam num ingénuo afã,
entre velas brilhantes de mil cores,
que se apagavam, só com a manhã.


Foi como se apagou a minha luz,
lançando sobre mim, um negro véu,
naquela madrugada em que Jesus
te arrebatou consigo para o Céu.


Bonecos de expressão entristecidos,
tendes segredos que só eu desvendo
E há vozes no ar gritando, indefinidas,
que dizem coisas que só eu entendo.


E destas rosas de papel, agora
que o tempo as desbotou sem piedade,
o mais vivo perfume se evapora:
- É vivo o perfume da saudade.


*Poesia escrita após a morte de um filho


ESPÍNOLA DE MENDONÇA  (do seu livro Gerãnios )


Francisco Espínola de Mendonça nasceu em Ponta Delgada em 1891 e faleceu  na mesma cidade em 1944

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O primeiro cartão de Boas Festas

O primeiro cartão de Boas Festas foi desenhado por J. C. Horley  em 1843. (USA)
O uso de cartões de Boas Festas divulgou-se quando os  serviços postais (também eles novidade)  tornaram possível o envio.

Poemas inconjuros

  A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias Cada coisa é o que é . E é difícil explicar a alguém quanto isso me...