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terça-feira, 20 de agosto de 2019

A D. Pedro II (Per me reges regnant)

Os reis são também símbolos; e vós,
Representais todo um império amigo;
Por isso é que levanto a minha voz,
E ouvi, Pedro segundo, o que vos digo:


Vós não tendes um único inimigo,
Vós sois dos reis que podem andar sós:
Basta abolirdes o comércio atroz,
Do desgraçado escravo; eu vos bendigo!


E que é ser rei? Levar a primazia
Aos mais em tudo; espírito profundo
Que arte e ciência livre e escravo abarca.


Regem os reis pela sabedoria:
Quem a não tem, não pode ser monarca:
Vós sois digno de o ser, no Novo Mundo!


João de Deus (Campo de Flores Livro I)



sábado, 10 de junho de 2017

Os Lusíadas


Os Lusíadas, estão como na hora!
Três séculos e nada.
Nem uma  letra única apagada!
Porque a gente decora.

E nem os vermes comem,
Não traçam, não consomem,
Uma obra inspirada,
Suma-se o vulto, que a compôs, embora.

Os donos da Divindade
A beleza a verdade,
Essa glória de Deus, como do homem -
Raiam e ficam em plena aurora

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Maria

Quantas mágoa, quantas dores
Tendes vós aliviado,
Ó Mãe do Crucificado,
Refúgio dos pecadores!
Quem ouve os nossos clamores,
Quem acode a nossos gritos,
Senão vós, olhos benditos
Senhora da piedade !
Vós, chamada com verdade
Consolação dos aflitos!

domingo, 7 de maio de 2017

Minha Mãe

Quando a minha alma estende o olhar ansioso
Por esse mundo a que inda não pertenço.
Das vagas ondas desse mar imenso
Destaca-se-me um vulto mais formoso:

É minha santa mãe! berço mimoso
Donde na minha infância, andei suspenso :
É minha santa mãe, que vejo e penso;
Verei sempre, se Deus é piedoso.

Como línguas de fogo que se atraem,
Avidamente os braços despedimos
Um para o outro, mas os braços caem...

Porque é então, que olhamos e medimos
A imensa distância donde saem
Os ais da saudade que sentimos !

João de Deus
(Campo de Flores)

domingo, 23 de abril de 2017

Sempre

Nem te vejo por entre a gelosia;
Nunca no teu olhar o meu repoisa
Nunca te posso ver, e todavia
Eu não vejo outra coisa!


João de Deus
«Campo de Flores»

Imagem: Jardins da Ordem dos Médicos - Arca d'Agua - Porto

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Crucifixo

«Minha mãe, quem é aquele
 Pregado naquela cruz?
 - Aquele,  filho, é Jesus...
   É a santa imagem dele!

«E quem é Jesus? - É Deus !
« E quem é Deus? - Quem nos cria,
Quem nos manda a luz do dia
E fez a Terra e os Céus ;

E veio ensinar à gente,
Que todos somos irmãos,
E devemos dar as mãos,
Uns aos outros, irmãmente:

Todo amor, todo bondade!
«E morreu? - Para mostrar
Que a gente pela Verdade
Se deve deixar matar


João de Deus
(Campo de Flores)


sexta-feira, 31 de março de 2017

A ❊❊❊


❊❊❊
Mal sabes, é certo.
Quem traça estas linhas.
Nem tu adivinhas,
Nem eu to direi.

Mas desde que há pouco,
Te vi à janela...
Supondo-te a estrela
Que me há-de guiar !

E um dia, se a sorte
Que a mim me persegue,
Quiser que eu sossegue
Jamais uma vez;
Será permitindo
Que instintos ditosos
Meus olhos saudosos
Descansem em ti .

Pergunta-me agora
O prémio que espero!

Ele é tão sincero ,
Tão puro este amor ,
Que mais do que a ver-te
Se acaso aspirasse,
Seria essa face
Beijar... e morrer!


João de Deus •.¸¸♥
Campo de Flores

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Perdão

Seria o beijo
Que te pedi,
Dize, a razão
(outra não vejo)
Porque perdi
Tanta afeição?
Fiz mal, confesso:
Mas esse excesso
Se o cometi,
Foi por paixão,
Sim por amor
De quem?... de ti!

Tu pensas, flor
Que a mulher basta
Que seja casta,
Unicamente?
Não basta tal;
Cumpre ser boa,
Ser indulgente.
Fiz-te algum mal ?
Pois bem; Perdoa

É tão suave
Ao coração
Mesmo o perdão
De ofensa grave!
Se o alcançasse,

Se o conseguisse,
Quisera então
Beijar-te a mão,
Beijar-te a face ...
Beijar? Que disse !
(Que indiscrição...)
Perdão ! Perdao!




João de Deus  
Campo de Flores
•.¸¸♥ •.¸¸♥ •.¸¸♥•.¸¸♥ •.¸¸♥ •.¸¸ Tanta ternura, lindo, lindo  •.¸¸♥

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Hilariana

Se eu de bordão e sacola
For bater ao seu portão,
Menina, dispenso a esmola:
Deixe-me beijar-lhe a mão.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Camões

Camões comparado
Aos mais escritores,
Nem entre os maiores
Foi sempre igualado:


Qual deles deu brado
Com tantos primores,
Tais frutos e flores
De engenho inspirado?


Com graças tão finas,
Ciência tamanha?
Estâncias divinas!


Qual deles lhe ganha?
Os mais são colinas,
Ele é a montanha!

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Num álbum

Eu olhos sei de uns,
que desde que os vi,
não vi mais nenhuns!

Vê tu por aí
se os achas; senão,
descubro-os a ti.

Que lindos que são !
Que modo de olhar!
Que terna expressão!

Já tenho pesar,
de os ver, porque enfim...
Que posso esperar...?

Ver fitos em mim
tais olhos...jamais
por certo; e assim,

suspiros e ais
é quanto terei,
de ver olhos tais!

Só vendo-os se crê
na graça, na cor.
No fluido, ou não sei.

Que doce esplendor...
Tão doce, que eu
não posso supôr
que exista outro céu

João de Deus
 «Campo de Flores»



terça-feira, 8 de novembro de 2016

Não sentes no coração ?


- Donzela, vou dar-te a flor
Das flores do meu jardim!
             «Sim?
- Simboliza, diz: Amor;
               Cor
Como a tua, vês? Assim?

Ai, dize,dize-me lá,
É rosa, é cravo essa tal?
            - Qual?
«É amor-perfeito - Será.
             «Ah,
Conheço essa flor tão mal.

- Pois olha, não vês, além
Balouçar débil botão ?
             «Não!
- Aqui, não sentes, vês bem!
              «Quem?
-Não sentes no coração? ...

João de Deus
Campo de Flores

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A uns anos


Dura a vida como a flor;
Mas dura uma eternidade
Passada na ansiedade
Passada no dissabor


Quando a fortuna bafeja
 O frágil baixel da vida,
Nunca parece comprida,
Por mais comprida que seja.


Ora tendo vós a sorte
De ver hoje a vosso lado
O vosso filho adorado,
Vossa adorada consorte,


A natural alegria
Vos faz cair num engano!
Vós não fazeis mais um ano... -
Fazeis mas é - mais um dia.


João de Deus
Campo de Flores

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Resposta

Em fumo se vai tudo amigo: olhando
Para as nuvens do céu, nuvens daquelas,
E até não sei se diga que mais belas
Anda a gente fazendo e desmanchando

Dá-me uma saudade em me lembrando
Do belo tempo que passei com elas
Por essa imensa abóboda de estrelas.
Por esse mar de fogo, viajando!

Andasse ainda eu lá, que não me havia
De ver por estes charcos atolado,
Onde nem o Sol, nem a Lua, me alumia !

Andasse eu, ainda lá desenganado
Mesmo já como estou de achar um dia
Essa  pátria de onde ando desterrado

João de Deus
Campo de Flores

Honra e proveito

Um dia os Deuses, cada qual uma árvore
À sua guarda consagraram: Júpiter,
Esse o carvalho, a murta Vénus, Hércules,
Lá esse o álamo. e o loureiro Apolo.

Vendo-as Minerva todas infrutíferas:
- Que é isto? (exclama). Júpiter acode-lhe:
«Senão, diriam filha, que as guardávamos
Só pelo fruto. - Que me importa? digam-no:
É pelo fruto, que a oliveira escolho?

Minerva! (brada o pai de homens e deuses)
És quem de todos, sabes mais sem dúvida:
No que não luza,...  mal fundada glória!

Honra sem proveito faz mal ao peito
✬¨*•.


João de Deus Campo de Flores livro l

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Lembras-me

Se ao enlaçá-la no peito
Me cai desfeita uma flor,
Lembras-me sonho desfeito,
Sonho de amor!

Se a borboleta do cálix,
De um lirio aos ares, se ergueu,
Lembras-me estrela dos vales,
Lírio do céu!

Se inda um afecto,em mim vive
entre os que mortos possuo,
Lembras-me sonho que eu tive,
Lembras-me tu!!


João de Deus
(Campo de Flores livro I )

Letra



A Lua desce,
E ao seu clarão,
A mágoa cresce,
No coração;
E com bem mágoa
Pedi a Deus
Um pingo de água,
Dos olhos seus.


A Lua desce,
E ao seu clarão,
A mágoa cresce,
No coração.
Cresce que o pranto,
Desse bom pai
Cai em seu manto,
Do céu não cai.

A
Lua desce,
E ao seu clarão,
A mágoa cresce
No coração
Cresce, que o lírio
Branco do vale
Não tem martírio
Nem sede igual.


A Lua desce,
E ao seu clarão,
A mágoa cresce,
No coração.
 E com bem mágoa
Peço ao Senhor,
Um pingo de água
Que orvalhe a flor!

Lágrima sua
Vendo ao clarão
Da frouxa Lua
No coração
Cai-me dos olhos
Em pranto, a dor,
Como de abrolhos,
Brota uma flor.


João de Deus
Campo de Flores  livro I)

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Muito Pedir



- Dá-me esse jasmim de cera,
  Minha flor?
- «Mas, e depois se lho dera,
   Meu senhor?


- Depois era uma lembrança.
  Mas de quê?
  De uma tão linda criança,
 Já se vê.


«Oh tão linda ! Mais parece,
  Sendo assim,
Que inda quando lhe não desse
 Tal jasmim...


- Não me esquecia por certo.
«Nunca já?
- Nunca é muito incerto ,
- Mas...vá lá.

- E a rosa, que bem lhe fica!
   Dá-ma flor?
«Oh, a rosa, a rosa pica,
   Meu senhor !



 João  de Deus
do Livro «Campo de flores»


   ♥ Simplesmente encantador  *¨*•.¸¸ ♥

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Boas noites

Estava uma lavadeira
A lavar numa ribeira
Quando chega um caçador:


- Boas tardes lavadeira!


 « Boas tardes caçador!


- Sumiu.se-me a perdigueira
Ali, naquela ladeira;
Não me fazeis o favor
De me dizer se a brejeira
Passou aqui, a ribeira?


« Olhe que dessa maneira
Até um dia, senhor
Perdereis a caçadeira.
Que ainda é perda maior!


- Que me importa, lavadeira?
Aqui na minha algibeira,
trago dobrado valor...
Assim eu fora senhor
de levar a vida inteira
Só a ver o meu amor
Lavar roupa na ribeira!...


«Talvez que fosse melhor...
Ver cozer a costureira !
Vir de ladeira em ladeira,
Apanhar esta canseira,
E tudo só por amor
De ver uma lavadeira
Lavar roupa na ribeira...
É escusado senhor!


Boas noites... lavadeira !


Boas noites... caçador ! ...


João de Deus
em «Campo de Flores»


Uma ternura...`*•..¸✿  





sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O cão e presa


Um cão apanha um coelho
À margem de uma ribeira,
Mas vendo-o naquele espelho,
Larga-o, salta a ribanceira…
E assim perde o que levava,
E mais o que ambicionava!
Abençoada prudência
(E é esta a moralidade!)

Quantos pela aparência
Perdem a realidade!


João de Deus
"Campo de Flores"

Poemas inconjuros

  A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias Cada coisa é o que é . E é difícil explicar a alguém quanto isso me...