Quando Victor Hugo escreveu os dezasseis versos que a compõem, tinha perto de oitenta anos.
São talvez esses versos os últimos que brotaram da sua alma .
E contudo, o pensamento, ou melhor o nostálgico desejo que os inspirou é ainda deliciosamente poético.
Na sua mocidade, na sua maturidade na sua velhice, Victor Hugo - com excepção de poucas abertas e clareiras - foi o poeta de tudo o que é enorme, terrível, pavoroso, majestoso, da Natureza selvagem e da noite misteriosa.
Mas agora perto da morte, o poeta desejaria que esse seu mundo solene ruísse e desaparecesse:
bastar-lhe-ia um jardim cheio de frescura, uma rapariguinha toda branca...
Atrás do trágico cenário dantesco ou de Ésquilo, o octogenário sonhador de visões de Notre Dame entrevê a infância do mundo :
um jardim e uma mulher, o Éden e Eva antes do pecado.
Mas não sou crítica e certas coisas não as sei dizer . Devo portanto contentar-me com transcrever aqui os suaves versos senis de Victor Hugo.
Si les deserts, si les sable,
Si les grands bois
Si les choses formidable
Que j'entrevois ,
Etaient, sauvage nature,
Coupés soudain
Par la gaité toute pure
D'un frais jardin
Sí tout à coupe mantille
en blanche corset
Une belle jeune fille
Apparaissait,
Si je rencontrais des roses
Dans les forêts,
Nymphes , ah! les douces choses
Que je dirais!
(12 septembre 1880)
Victor Hugo 1802-1885
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