terça-feira, 9 de agosto de 2022
Angola
domingo, 24 de abril de 2022
O esplendor de Portugal
Compreendi que a casa estava morta, quando os mortos principiaram a morrer.
O meu filho Carlos, em criança julgava que o relógio da parede era o coração do mundo e tive vontade de sorrir por saber há muito que o coração do mundo, o verdadeiro coração do mundo não estava ali connosco mas além do pátio e do bosque de sequóias, no cemitério onde no tempo do meu pai enterravam lado a lado os pretos e os brancos do mesmo modo que antes do meu pai, na época do primeiro dono do girassol e do algodão sepultaram os brancos que passeavam a cavalo e davam ordens e os pretos que trabalharam as lavras neste século e no anterior e no anterior ainda, um rectângulo vedado por muros de cal, o portão aberto à nossa espera com um crucifixo em cima, lousas e lousas sem nenhuma ordem nem datas nem relevos nem nomes no meio do capim, salgueiros que não cresciam, ciprestes secos, um plinto para as despedidas em que os gatos do mato dormiam, enfurecendo-se para nós a proibir-nos a entrada .
O autêntico coração da casa eram as ervas sobre as campas ao fim da tarde ou no princípio da noite, dizendo palavras que eu entendia mal por medo de entender, não o vento, não as folhas, vozes que contavam uma história sem sentido de gente e bicho e e assassínios e guerra como se segredassem sem parar a nossa culpa, nos acusassem, repetindo mentiras, que a minha família e a família antes da minha tinham chegado como salteadores e destruído África, o meu pai aconselhava
- Não ouças !!!
segunda-feira, 14 de junho de 2021
A resposta na ponta da língua
Quando chegou a vez de Fócion, o barbeiro perguntou:
- E como quer o senhor que lhe apare o cabelo?
- Em silêncio - respondeu Fócion
Esta observação de Fócion (Fócion foi um político importante em Atenas no ano 376 aC) é um dos primeiros exemplos de réplica que se conhecem, o protótipo da resposta esmagadora e que provocam em quem ouve um sentimento de invejosa admiração .
Muitas vezes perguntamo-nos porque é que em certas ocasiões não nos sai uma resposta certeira, para certas perguntas com que somos confrontados, e pensamos: Porque não me lembrei desta resposta... (?) Muitos de nós, somos mestres nesta arte.. depois que a oportunidade passou, e a resposta exata vem-nos à cabeça brilhante, espirituosa, soberba. Então porque não a damos no momento oportuno?
Um dia referia-se a alguém em termos elogiosos quando um amigo comentou:
- É muito gentil da sua parte falar tão bem dele, principalmente tendo em conta que ele diz sempre coisas tão desagradáveis a seu respeito.
Voltaire suavemente replicou:
A famosa réplica de Wistler (pintor norte americano) é mais um exemplo.Wistler teria dito algo interessante a que Oscar Wilde conhecido pelo seu hábito de plagiar ditos alheios exclamou:
- Eu gostaria de ter dito isso.
- Você dirá Oscar, - observou Wistler tranquilamente - Você dirá.
Finalmente o modo como se diz também é importante .Nada pode ser mais nocivo para uma observação inteligente do que acompanhada de um riso ruidoso do autor, ou uma expressão de malícia. Como todas as armas de ataque no entanto, deve ser utilizada com cuidado para que não venha a ferir a pessoa que a diz...!
A pedra filosofal
Muitos alquimistas dedicaram a vida à procura de exemplos físicos da substância, mas quando isso se provou ser ilusório surgiu a teoria de que a substância era não-material, talvez até espiritual na essência, e que só podia ser reconhecida por iniciados. A alquimia árabe, uma forma avançada deste conhecimento. pode de facto ter descoberto a pedra não-material na forma de electricidade, como sugere a descoberta no Iraque em 1936 de artefactos mais tarde identificados como cerâmica além de baterias de cobre datando no período (248 a.C.- 226 d.C.)
sábado, 10 de abril de 2021
Invisível
De repente, estaquei . (...)
dois passos atrás,
oh!!!
Impossível... !
Anos a fio invisível...!
quinta-feira, 14 de janeiro de 2021
Sabes quem eu sou? Eu não sei .
Sabes quem eu sou? Eu não sei.
Outrora, onde o nada foi
Fui o vassalo e o rei,
É dupla a dor que me dói.
Duas dores eu passei.
Fui tudo o que pode haver
Ninguém me quis esmolar;
E entre o pensar e o ser
Senti a vida passar
Como um rio sem correr
Fernando Pessoa
Poesias inéditas
(1930-1935) 1955
« Estrangeiro aqui e em toda a parte»
Pessoa viveu como o Marinheiro do seu drama simbolista, por conta de um futuro que ainda não existe . É a leitura dos seus poemas quem o faz adivinhar e apetecer . Há meio século isso era mais sensível para quem o descobria, e nele se descobria do que hoje, em que se tornou o lugar comum da cultura portuguesa e um ícone incontestável da cultura universal . O que ele desejou a vida inteira foi estar nu, nu culturalmente como ninguém antes dele o estivera, pois não havia verdade ou verdades que pudessem ou tivessem o condão de o vestir.
Na ordem aparente da vida, o seu sonho fracassou inteiramente .
Ninguém suportou a sua nudêz.
Todos nos consertámos para lhe oferecer a pátria que não teve, não queria e não podia ter.
Pessoa clamou isso em todos os tons, do fundo do poço com vista virtual para um céu que não o podia ouvir.
Tem hoje a superpátria, que nem mesmo nos seus sonhos mais vertiginosos não se atrevera a imaginar. . Nunca esteve mais só, que no seu trono de pura glória. E já ninguém o pode devolver à sua solidão original, tão rente à alma de onde surgiam, como do caos mesmo os poemas onde ele era o absoluto estrangeiro de si mesmo,
LuzB
quinta-feira, 3 de dezembro de 2020
A origem do Natal
Só no século lV o dia 25 de Dezembro foi definitivamente fixado como festa da Natividade, porque o hábito pagão de que derivavam os hábitos cristãos se realizava por volta dessa data.Até então era a festa do Solstício de inverno, uma combinação do Festival escandinavo de Yule e das Saturnais dos romanos
Uma semana de festins
Os festejos romanos prolongavam-se por sete dias e constituiam uma ocasião para troca de presentes - hábito pagão incorporado no Natal.
Mesmo os mais acérrimos defensores não logravam erradicar a noção de que os Saturnais eram época de diversão
Os romanos costumavam trocar de papel com os seus escravos que elegiam o seu próprio "rei" para a festividade o qual presidia a um grande banquete a que o amo o servia com todas as honras assim como a todos os seus companheiros de escravidão.
No final da ceia os escravos- rei eram conduzidos para o anfiteatro, onde eram executados
Em Inglaterra há um hábito semelhante nas forças armadas inglesas em que os oficiais seguindo a tradição romana servem a ceia de Natal na messe aos soldados.
Quando invadiram a Inglaterra em 1066 os Normandos introduziram nas festividades natalícias um rei fantoche com o nome Lord da Confusão cuja missão era garantir a realização das festividades segundo os velhos métodos pagãos.
Árvores de Natal e velas, são tradições escandinavas ; eram símbolos de fogo e da luz que aliviavam os homens do frio e das trevas do inverno nórdico .
Séculos depois e com a implantação do cristianismo surgiram as canções e os autos de Natal
E o Pai Natal substituiu Lord Confusão no seu traje vermelho como S. Nicolau o santo patrono das crianças
* Saturnais
Nome de uma festa da Roma antiga em honra de Saturno, o deus romano das colheitas. A festa começava a 17 de Dezembro e durava sete dias.
*Festival de Yule
Poemas inconjuros
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