Meu país desgraçado!…
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há Céu mais alegre do que o nosso,
nem pássaros, nem águas…
Meu país desgraçado!…
Porque fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?
Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.
E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.
Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!
Povo anémico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
— olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!
Sebastião da Gama
quinta-feira, 27 de dezembro de 2018
sábado, 24 de novembro de 2018
A lenda dos cogumelos venenosos
Há muito, muito tempo. num país distante, havia um pequeno bosque repleto de inebriantes tons de verdes e castanhos. Conta-se que este bosque era habitado por duendes que cuidavam dele como se fosse um jardim, e por isso crescia uma vegetação abundante e no solo os mais belos e saborosos cogumelos jamais vistos. Todos os anos, pela Primavera, vinham habitantes de outras terras em romaria só para ver e comprar tão exuberantes cogumelos.
Talvez por ser um lugar mágico, os jovens habitantes daquela aldeia escolhiam os troncos das suas árvores para fazerem juras de amor. Muitos eram os casais de namorados que se encontravam à noite às escondidas, por entre as folhagens dos arbustos e as grossas raízes que rompiam a superfície, e trocavam carícias e beijos proíbidos
Conta-se que uma noite uma jovem apaixonada seguiu o seu amado pela escuridão, calcorreando caminhos de pedras e terra batida apenas acompanhada por uma lua tímida. Perdida, e sem encontar o seu amado, a jovem sentou-se à beira de um pinheiro alto para descansar. Foi nesse momento que ouviu, não muito longe, risos e susurros. Levantou-se devagar, escondendo-se por detrás das ramagens de uma giesta, e viu destroçada o seu amado segurando com os braços outra rapariga da aldeia. A jovem ficou a vê-los enlaçados sobre uma cama de folhas amarrotadas e, quando abandonaram o local abraçados, o seu amado arrancou um cogumelo vermelho do chão e colou-o no decote do peito da amada
Diz-se que a jovem chorou a noite inteira e as suas lágrimas invadiram o solo verdejante onde brotavam os cogumelos coloridos. A tristeza da jovem sensibilizou a natureza e nesse dia o sol não raiou. Uma penumbra apoderou-se do céu e todos cogumelos perderam a cor. Conta-se que depois daquele estranho dia em que o sol não nasceu e os cogumelos mudaram de cor, as pessoas que comeram aqueles cogumelos morreram envenenadas.
Lendas de Portugal
domingo, 27 de maio de 2018
A prisão dourada
Experimenta fazer esta experiência:
Constrói um castelo. Começa pelo chão e coloca-lhe mármore.
De seguida enche as paredes de obras de arte, e aqui e ali, ouro, pássaros do paraíso, jardins suspensos e depois entra lá para dentro..
Pode ser que nunca mais queiras de lá sair. Tens lá tudo o que sonhaste um dia e pensas;
Oh... finalmente! Que bem que aqui estou... !
Mas de repente, - quem diria - constroem muros à volta do teu castelo e dizem-te!
Tudo isto é teu desde que nunca saias daqui.
Então, acredita, nesse mesmo instante desejarás abandonar esse teu castelo trepando pelo muro e saltando para fora.
De repente todo esse luxo toda essa grandeza se torna num peso e sentes um enorme sofrimento..
Afinal ... apenas de uma coisa precisas.
Um pouco de Liberdade...!
Foi em Dostoievski e na sua Prisão Dourada texto extraído do seu livro Crime e Castigo escrito em 1866 que pensei ao ver esta linda rosa a tentar sair pelo muro do jardim de uma linda mansão ali para os lados das Antas.
Há cada coisa...
quarta-feira, 2 de maio de 2018
Segundo uma lenda de origem Alemã, no tempo dos contos de fadas, um cavaleiro, acompanhando em passeio a sua dama pela beira de um rio, viu umas lindas e minúsculas flores.
Atencioso apressou-se a colher um lindo bouquêt. mas escorregou e caiu ao rio.
A partir daí as florzinhas ficaram a serconhecidas por este nome..."Não te esqueças de mim"...
domingo, 25 de fevereiro de 2018
Sentenças rimadas
Quem fêz a casa na praça
A muito se aventurou ;
Uns dizem que ela que é baixa,
Outros que de alta passou.
Tudo o que nasceu morreu
Lá no pino do verão;
Tudo torna a renovar,
Só a mocidade não !
Pelo céu vai uma nuvem
Todos dizem: - Bem na vi!
Todos falam e murmuram,
Ninguém olha para si.
A cantar ganhei dinheiro,
A cantar se me acabou;
O dinheiro mal ganhado,
Água o deu, água o levou .
Bendito Senhor da Serra,
Lá no alto do Padrão;
Quem não quer que o mundo fale,
Não lhe dê ocasião .
O cravo depois de sêco,
Foi-se queixar ao jardim:
A rosa lhe respondeu:
- Por tempo tudo tem fim.
O ladrão do milho verde,
A manha que ele sabia:
Guardava orvalho de noite
P'ra beber em todo o dia !
Se à minha porta faz lama,
À tua faz um lameiro ;
Não digas mal de ninguém ,
Sem olhares p'ra ti primeiro.
Debaixo da trovisqueira
Saiu a perdiz cantando;
Deixemos falar quem fala...
É mundo, vamos andando
Tu queres subir ao alto,
Ao alto queres subir ;
Mas quem ao mais alto sobe,
Ao mais baixo vem cair.
Uma saudade me mata,
Uma crença me sustém,
Uma esperança me diz:
Após tempo, tempo vem.
terça-feira, 20 de fevereiro de 2018
Franz Marc - Expressionismo
Enquanto que a maioria dos expressionistas provinha de familias burguesas vendo-se obrigada a enfrentar os respectivos pais para conseguir realizar o desejo pouco convencional de ser artista,
No entanto, nao tinha o desejo de enveredar pelos caminhos da arte, tendo-se decidido com 17 anos a estudar Teologia. Dois anos mais tarde inscreve-se na Faculdade de Letras da Universidade de Munique, sendo no entanto obrigado a cumprir um ano de serviço militar antes de iniciar os estudos, e acabando por se mudar depois para a Academia de Belas Artes . Gabriel Hackl Wlhelm Von Diaz foram seus professores na Academia, dois pintores que seguiam a tradição do Munchner Schule (grupo de hisoriadores de arte) da escola de Munique. Marc deve-lhes a linguagem formal do início da sua carreira.
Até 1903 as suas obras possuem caracteristicas estruturais na composição, típicas da Munchner Schule, assim como os tons expressivos e matizados . Uma viagem a Paris nesse mesmo ano incita-o a enveredar por novos caminhos. É aí que descobre a arte dos impressionistas, interessando-se principalmente pelas obras de Manet.
Marc já não regressa à Academia o que pode ser interpretado como um sinal exterior da sua renovação artistica, depois das suas impressões vividas em Paris. As suas cores, tornam-se mais claras. O artista instala-se com o seu cavalete ao ar livre para pintar . As formas são simplificadas, o efeito plano é acentuado, não decompondo, no entanto as cores à maneira impressionista. O seu modelo é Manet
Uma segunda estadia curta, em Paris em 1907 e nessa ocasião Marc descobre a arte de Van Gogh, que se irá repercutir no seu trabalho . A sua pincelada torna-se mais rítmica e dinâmica. As suas pinturas ganham movimento, pelo menos no que respeita a paisagens, pois os seus outros motivos não passam por esta fase evolutiva.
Depois de uma estadia de veraneio em Lenggries, em 1908, as representações de animais ganham cada cez mais importãncia, suplantando quase completamente as pinturas figurativas. O motivo da paisagem é mantido não passando no entanto de mero habitat dos animais.
No entanto Marc nunca retratou animais no sentido da pintura de género. Pelo contrário, na sua pintura, os seus grupos de cavalos e de veados tomam o lugar do homem. Para Marc, os animais representam caracteristicas positivas, como «pureza», «verdade». e «beleza» as quais ele já não conseguia encontrar nos seus ´próximos.
Numa carta que escreve à sua mulher, Marc faz a comparação directa entre o Homem e o Animal: « Ao fim e ao cabo até agora, o instinto tem-me mostrado o caminho certo ...; principalmente esse instinto, que me fez afastar do sentimento vital pelo Homem e me fez virar para um sentimento por aquilo que é o animal, pelo " animal puro". As pessoas sem piedade que me rodeavam (principalmente as do sexo masculino ) não tocavam os meus sentimentos verdadeiros enquanto que o puro sentimento vital dos animais despertava em mim tudo o que é de bom»
Mas o que lhe interessava não era a pura descrição naturalista da realidade, apesar de os seus estudos de anatomia em esqueletos de animais terem sido uma boa preparação.Tomara consciência de que o «sentimento básico de toda a arte»não pode ficar ligado à aparência exterior, mas sim que deve ir mais fundo e que deve representar «o ser absoluto». Mas, Marc sabia também que as suas possibilidades criativas ainda não estavam suficientemente formadas, de modo a que pudesse dar esse passo que levasse da «aparência» ao «ser» .
Em 1909 Marc muda-se de Munique para Sindelsdorf na Alta Baviera. Marc tinha a esperança de conseguir algo desse idílico rural e intacto para a sua arte. O que foi, no entanto decisivo para a continuação da sua evolução artística foi o ano seguinte, pois libertou-o da solidão a que até aí vivera trazendo-lhe importantes contactos com outros artistas, dando um impulso à sua carreira
Em 1910 recebe a visita de August Macke que lhe apresenta Bernhard Koehler filho de um reputado coleccionador e mecenas de Berlim que pretendia conhecer o artista pessoalmente depois de ver uma das suas exposições na Galeria Brakl em Munique .
Durante a conversa descobrem depressa que têm interesses e gostos em comum e Marc espera ter encontrado «um circulo de pintores inteligentes»
Entre Auguste Mackle e Marc desenvolve-se uma grande amizade. Os dois amigos visitam-se e viajam juntos e organizam sessões de trabalho conjuntas.
Pela primeira vez Marc tem a possibilidade de trabalhar, sem se preocupar com problemas financeiros.
Nessa altura Marc já tinha resolvido o problema da forma criativa ao esforçar-se por chegar ao "ser absoluto" , Renuncia ao individual e ao anedótico, a favor de uma simplificação da paisagem e da figura animal
Em 1910 recebe a visita de August Macke que lhe apresenta Bernhard Koehler filho de um reputado coleccionador e mecenas de Berlim que pretendia conhecer o artista pessoalmente depois de ver uma das suas exposições na Galeria Brakl em Munique .
Entre Auguste Mackle e Marc desenvolve-se uma grande amizade. Os dois amigos visitam-se e viajam juntos e organizam sessões de trabalho conjuntas.
Pela primeira vez Marc tem a possibilidade de trabalhar, sem se preocupar com problemas financeiros.
Nessa altura Marc já tinha resolvido o problema da forma criativa ao esforçar-se por chegar ao "ser absoluto" , Renuncia ao individual e ao anedótico, a favor de uma simplificação da paisagem e da figura animal
Quando em 1914 a guerra eclode Marc alista-se como voluntário. Também ele glorifica a guerra, vendo nela a grande aventura comunitária que terá um efeito inovador sobre a sociedade
« O estábulo de Augeias, a velha Europa, só poderá ser limpo desta forma» «ou será que existe uma ùnica pessoa que deseja que esta guerra, nunca tenha acontecido?» escreve a Kadinsky seu velho amigo do tempo do «Der Blaue Reiter» .
Marc já quase não encontrava momentos para trabalhar em novas pinturas. Executa principalmente pequenos desenhos a lápis.
A 4 de Março de 1916 é morto em combate perto de Verdun
¸¸.•*•❥A arte não é mais do que a expressão do nosso sonho, quanto mais nós nos rendemos a ele, mais ele se aproxima de sua verdade interior .
FranzMarc¸¸.•*•❥
domingo, 28 de janeiro de 2018
Recado
Não precisas de escrever-me
Que me lembre.
Não precisas de lembrar-me
Que te diga.
Não precisas de dizer-me
Que te peça.
Que te diga.
Não precisas de dizer-me
Que te peça.
Não precisas de pedir-me
Que te ame.
Só precisas é de amar-me
Sem que eu diga
Nem precise de dizer-te, que te amo!
Lopes Morgado (Areias de Vilar, Barcelos, 23/4/1938)
Sacerdote – Frei da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos - , professor, escritor, poeta, jornalista
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