sábado, 1 de abril de 2017

A força está na essência ... A vitória está na paz

 Muitos séculos antes da nossa era  um egipcio a quem os gregos chamaram Hermes Trimegisto - que significa  três vezes mestre, (astrologia, alquimia e cálculo) e de cujo nome deriva a palavra hermético - escreveu que as plantas além de vida, tinham alma.
Na verdade este precursor da magia que viveu na época dos faraós, deu a entender que as plantas, por serem vivas, possuiam energia, que poderia ser positiva ou negativa .
Isso faz-nos lembrar a existência de uma gama de forças, não necessáriamente boas ou más, apenas diferentes entre si que ajudam em algumas ocasiões a suprir algumas das nossas deficiências.
 O louro por exemplo Foi sempre um símbolo de paz, glória e brilho.
Contam que a esposa do Imperador Augusto, Lívia Drusilla estava distraídamente sentada, quando uma águia deixou cair sobre o seu colo uma pomba branca que trazia no bico um ramo de louro com muitos frutinhos.
Esta pomba que havia sido enviada por Júpiter, foi considerada um emblema  de paz e as sementes do louro, foram plantadas nas margens do rio Tibre, na casa de campo dos Césares.
Muito tempo depois o lugar transformou-se num aprazível bosque onde os nobres e imperadores romanos iam em busca de descanso, sossego e tranquilidade .


                  A força está na essência ... A vitória está na paz...  é essa a simbologia do  louro...!
                                 
                                                                                                  





sexta-feira, 31 de março de 2017

A ❊❊❊


❊❊❊
Mal sabes, é certo.
Quem traça estas linhas.
Nem tu adivinhas,
Nem eu to direi.

Mas desde que há pouco,
Te vi à janela...
Supondo-te a estrela
Que me há-de guiar !

E um dia, se a sorte
Que a mim me persegue,
Quiser que eu sossegue
Jamais uma vez;
Será permitindo
Que instintos ditosos
Meus olhos saudosos
Descansem em ti .

Pergunta-me agora
O prémio que espero!

Ele é tão sincero ,
Tão puro este amor ,
Que mais do que a ver-te
Se acaso aspirasse,
Seria essa face
Beijar... e morrer!


João de Deus •.¸¸♥
Campo de Flores

sábado, 25 de março de 2017

A casa


A casa que eu amei foi destroçada
A morte caminha no sossego do jardim
A vida sussurrada na folhagem
Subitamente quebrou-se não é minha

Sophia de Mello Breyner Andresen
Imagem: Casa Andresen (actualmente Jardim Botânico)


Retrato de uma princesa desconhecida





Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos

Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino

Sophia de Mello Breyner Andresen

•*¨*•.¸¸  ❤

* Imagem de mulher da tribo Ndebele - África do Sul



quarta-feira, 22 de março de 2017

Ode à água



Se eu fosse chamado
A erigir uma religião
Faria uso da água.

Ir à igreja
Envolveria passar a vau
Com roupas secas, diferentes;

A minha liturgia empregaria
Imagens de encharcar,
Um alagamento de furor e devoção.

E do lado nascente iria erguer
Um copo de água
Em que a luz de qualquer ângulo
Se congregasse sem fim.

Philip Larkin1922-1985
Inglaterra

domingo, 19 de março de 2017

A Primavera

A Terra é mãe eterna. A fecundá-la
passam os ventos, passa o sonho e a dor;
Apodrecem os corpos numa vala,
e desfolham-se as folhas duma flor.


Para que produza, matam-se a cavá-la
A Primavera, o poeta e o cavador
Todos com ânsia, para profundá-la,
todos amando-a, para que dê amor!


Mondam-se os trigos, sob os claros ares;
florescem nas ramadas os fecundos
rebentos; alvorecem os pomares...


E a Terra, a grande mãe alvoraçada,
sente no ventre, remexer, profundos
frutos, de cada beijo, cada enxada!



Afonso Lopes Vieira (século XlX- XX)
Poesias escolhidas
Retirado do livro a «Terra e a Grei»  1956
 para 1ª ano liceal


sábado, 18 de março de 2017

O outro lado das coisas

As palavras são fundantes?
Também desagregam.

O amor cega?
Também revela

O ódio destrói?
Também liberta.

A dúvida paralisa?
Também inspira.

A coragem é altruista?
Também é soberba.

O medo atrapalha?
Também protege.

A vida é tragédia?
Também é gloriosa.

A morte é o termo?
Também é recomeço.


João  Melo
/Auto-Retrato)


Jornalista, escritor e professor universitário Nasceu em Luanda em 1953
Publicou até agora vários livros de poesia e ensaios, 
Membro fundador da União dos Escritores Angolanos, actuou neste orgão como secretário geral e presidente da Comissão Directiva .Actualmente dirige uma agência de comunicação privada

Poemas inconjuros

  A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias Cada coisa é o que é . E é difícil explicar a alguém quanto isso me...