sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A uns anos


Dura a vida como a flor;
Mas dura uma eternidade
Passada na ansiedade
Passada no dissabor


Quando a fortuna bafeja
 O frágil baixel da vida,
Nunca parece comprida,
Por mais comprida que seja.


Ora tendo vós a sorte
De ver hoje a vosso lado
O vosso filho adorado,
Vossa adorada consorte,


A natural alegria
Vos faz cair num engano!
Vós não fazeis mais um ano... -
Fazeis mas é - mais um dia.


João de Deus
Campo de Flores

domingo, 30 de outubro de 2016

A véspera do dia de todos os santos






À semelhança do que acontece no Natal e na Páscoa, também os festejos da véspera do Dia de Todos os Santos, têm origem numa celebração pagã, apesar de o seu nome derivar de uma festa da liturgia cristã.

Esta festa introduzida no século VII para comemorar todos os santos e mártires que não eram celebrados em nenhum dia particular, realizava-se no dia 13 de Maio 
 No século VIII porém, o Dia de Todos os Santos, passou a ser celebrado a 1 de Novembro e aboliu a festividade pagã festejada nessa data.

O dia 31 de Outubro, véspera de 1 de Novembro, a última noite do ano no antigo calendário celta, era celebrado como o final do verão e da sua fertilidade. Era um festival que os celtas do norte da Europa celebravam acendendo grandes fogueiras para
auxiliarem o Sol durante o Inverno .



O Inverno que evocava  também a frialdade e a escuridão da sepultura, era a altura em que os fantasmas deambulavam, e os espiritos sobrenaturais, bruxos e feiticeiras realizavam as suas festas.
Só a partir do final do século XVIII  a véspera do Dia de Todos os Santos se transformou, em alguns países, num dia de diversão para as crianças, celebrado com trajes de fantasia, lanternas e jogos.


Anteriormente era considerada como  uma noite de medo, durante a qual os homens sensatos, respeitando os duendes e os demónios errantes, se conservavam em casa.

Nos séculos XVII e XVIII, no entanto, os mascarados,  - pessoas com máscaras misteriosas e trajes de fantasia - andavam habitualmente de casa em casa, cantando e dançando, para afastar o mal, ou como representando os fantasmas e demónios da noite.

Partida ou tratamento

Este hábito sobrevive ainda em muitas partes do mundo como uma mascarada para crianças.
Na América do Norte, estas andam de porta em porta em traje de fantasia num ritual conhecido como trick on treat (partida ou tratamento)

Levam habitualmente um saco ou uma fronha de almofada e ameaçam pregar uma partida aos donos da casa  se não receberem o «tratamento»  na forma de doces ou bolachas .

A lanterna da véspera de Todos os Santos, feita de uma abóbora.menina a que é retirado o miolo, é uma reminiscência dos dias em que eram realizadas  ofertas de alimentos aos espiritos dos mortos.


  
 (ツ)  (ツ)                     



quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Resposta

Em fumo se vai tudo amigo: olhando
Para as nuvens do céu, nuvens daquelas,
E até não sei se diga que mais belas
Anda a gente fazendo e desmanchando

Dá-me uma saudade em me lembrando
Do belo tempo que passei com elas
Por essa imensa abóboda de estrelas.
Por esse mar de fogo, viajando!

Andasse ainda eu lá, que não me havia
De ver por estes charcos atolado,
Onde nem o Sol, nem a Lua, me alumia !

Andasse eu, ainda lá desenganado
Mesmo já como estou de achar um dia
Essa  pátria de onde ando desterrado

João de Deus
Campo de Flores

Honra e proveito

Um dia os Deuses, cada qual uma árvore
À sua guarda consagraram: Júpiter,
Esse o carvalho, a murta Vénus, Hércules,
Lá esse o álamo. e o loureiro Apolo.

Vendo-as Minerva todas infrutíferas:
- Que é isto? (exclama). Júpiter acode-lhe:
«Senão, diriam filha, que as guardávamos
Só pelo fruto. - Que me importa? digam-no:
É pelo fruto, que a oliveira escolho?

Minerva! (brada o pai de homens e deuses)
És quem de todos, sabes mais sem dúvida:
No que não luza,...  mal fundada glória!

Honra sem proveito faz mal ao peito
✬¨*•.


João de Deus Campo de Flores livro l

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Lembras-me

Se ao enlaçá-la no peito
Me cai desfeita uma flor,
Lembras-me sonho desfeito,
Sonho de amor!

Se a borboleta do cálix,
De um lirio aos ares, se ergueu,
Lembras-me estrela dos vales,
Lírio do céu!

Se inda um afecto,em mim vive
entre os que mortos possuo,
Lembras-me sonho que eu tive,
Lembras-me tu!!


João de Deus
(Campo de Flores livro I )

Letra



A Lua desce,
E ao seu clarão,
A mágoa cresce,
No coração;
E com bem mágoa
Pedi a Deus
Um pingo de água,
Dos olhos seus.


A Lua desce,
E ao seu clarão,
A mágoa cresce,
No coração.
Cresce que o pranto,
Desse bom pai
Cai em seu manto,
Do céu não cai.

A
Lua desce,
E ao seu clarão,
A mágoa cresce
No coração
Cresce, que o lírio
Branco do vale
Não tem martírio
Nem sede igual.


A Lua desce,
E ao seu clarão,
A mágoa cresce,
No coração.
 E com bem mágoa
Peço ao Senhor,
Um pingo de água
Que orvalhe a flor!

Lágrima sua
Vendo ao clarão
Da frouxa Lua
No coração
Cai-me dos olhos
Em pranto, a dor,
Como de abrolhos,
Brota uma flor.


João de Deus
Campo de Flores  livro I)

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Muito Pedir



- Dá-me esse jasmim de cera,
  Minha flor?
- «Mas, e depois se lho dera,
   Meu senhor?


- Depois era uma lembrança.
  Mas de quê?
  De uma tão linda criança,
 Já se vê.


«Oh tão linda ! Mais parece,
  Sendo assim,
Que inda quando lhe não desse
 Tal jasmim...


- Não me esquecia por certo.
«Nunca já?
- Nunca é muito incerto ,
- Mas...vá lá.

- E a rosa, que bem lhe fica!
   Dá-ma flor?
«Oh, a rosa, a rosa pica,
   Meu senhor !



 João  de Deus
do Livro «Campo de flores»


   ♥ Simplesmente encantador  *¨*•.¸¸ ♥

Poemas inconjuros

  A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias Cada coisa é o que é . E é difícil explicar a alguém quanto isso me...