quinta-feira, 14 de julho de 2016

A lenda dos Sete Ais


Palácio da Pena
Muitas são as teorias acerca do nome Seteais mas é na memória popular que encontramos a mais romântica

Corria o ano de 1147 quando D. Afonso Henriques partiu à conquista de Lisboa.
Sintra rende-se sem oferecer resistência, pois ficava isolada do esto do mundo árabe como uma ilha num mar cristão.

Um dos primeiros cavaleiros a subir a serra de Xentra (hoje em dia serra Sintra) é D. Mendo de Paiva, cavaleiro de D. Afonso Henriques, que na confusão do assalto  se encontra junto a uma porta secreta por onde fugiam os mouros da povoação.




Entre eles avista uma moura linda, acompanhada pela velha aia, e logo se encanta por ela.
Ao dar com os olhos nele e ao perceber que fora descoberta, a bela moura solta um suspiro.causando grande preocupação à aia que lhe pede para não voltar a suspirar.
D. Mendo sai detrás da moita e faz a moira prisioneira, e esta suspira novamente de medo e comoção.
A ama ainda mais aflita diz ao cavaleiro que a rapariga, carrega desde o berço uma maldição, e ela dá o terceiro ai. Uma feiticeira invejosa rogara-lhe uma praga, agoirando-a no dia em que desse sete ais, e ela já dera três.


D. Mendo dá uma gargalhada, pois não acredita nessas coisas, e ela dá outro ai. Para acalmar a aia diz que fica com a guarda das duas, pois quer a jovem para si. A moura suspira outra vez e a aia fica desesperada.

O cavaleiro afasta-se para ir buscar uma escolta, mas um grupo de mouros que ouvira a conversa, aproxima-se e rapta as duas mulheres. Com um golpe de adaga, cortam a cabeça da velha, e a jovem solta outro ai. Era o sexto e logo deu o sétimo quando viu a adaga virar-se para ela.
 D. Mendo regressa ao local, pouco depois apenas para descobrir, que afinal se cumprira a maldição.

Desgostoso, chamou àquele canto de Sintra, Seteais.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Ganvié .- A Veneza africana

Ganvié ao amanhecer

Há mais de duzentos anos, um povo pacífico, chegou ao lago Nokoué, (Benim) fugindo das tropas hostis do norte. As terras do interior do Daomé não produziam alimento suficiente para manter todos os povoados, e os clãns guerreiros expulsaram os mais fracos. Na sua fuga os Tofinu, o povo errante chegou às margens do grande lago. No interior esperáva-os o desconhecido, mas também, os aguardava a paz.



A religião dos reinos do Daomé, proíbia os seus guerreiros de entrar na água, e a  perseguição, tinha acabado e a lenda do povo que aprendeu a viver sobre as águas, e veio engrossar a lista de maravilhas do actual Benim. O resultado desse êxodo é agora um próspero povoado flutuante com dois séculos de existência a que deram o nome de Ganvié.


Conhecido como Veneza africana, Ganvié, é um centro de comércio e turismo que atrai gente de todo o mundo. A sua fama cresceu juntamente com a povoação e agora vivem sobre palafitas de bambú, ( tipo de habitação construída sobre troncos ou pilares) mais de doze mil pessoas.




Os habitantes de Ganvié, fazem a sua vida  sobre as suas estilizadas canoas que lhes servem de transporte, lugar de reuniões e ainda como local de trabalho .


Todos os dias à mesma hora, as mulheres do povoado reúnem as suas embarcações, num canal. Nela transportam as mercadorias os produtos que porão à venda no mercado flutuante.

Ninguém parece ter saudades de terra firme As suas canoas são o seu chão, a união entre a água salvadora e o mundo da superfície.
Por entre as bancas  flutuantes de frutas e verduras é frequente ver passar canoas um pouco maiores carregadas de ramos tenros. Esses mesmos ramos encontram-se em diferentes pontos, sobressaindo na água, como se fossem pequenos bosques inundados. Na realidade são o produto de uma das mais originais formas de pesca de todo o continente.
A pesca começa quando os homens da povoaçao cortam ramos ns imediações do lago.
Depois transportam-nos até ao local escolhido, e espetam-nos no solo lodoso.
Pouco a pouco vão formando um pequeno bosque. um labirinto de ramos.

 Com o passar do tempo as folhas vão apodrecendo, e atraem os peixes que se aproximam para as comer e para se esconderem dos seus predadores. Depois de vários pequenos bosques terem sido plantados, os homens regressam ao primeiro onde os peixes já tiveram tempo de se esconder. Sacam então de umas redes grandes e cercam o bosque artificial formando um circulo. O ardil está montado. Sabendo que os peixes já não podem escapar, os pescadores entram no recinto e começam a arrancar oa paus, e começa a recolha.

A pesca é uma actividade muito importante no Ganvié e todos os membros da povoação vivem quase exclusivamente dela. De regreso à povoação acompanhando os pescadores, grupos de crianças saem à rua, felizes e alvoraçadas.
São imagens de vida em  pleno de um  pequeno território  a que deram e muito bem o nome de Veneza Africana



segunda-feira, 20 de junho de 2016

O paraíso dos Bosquímanos (II)




 Os Bosquímanos, indígenas primitivos que habitam as orlas do deserto do Calaári, na África do Sul, um povo pobre, segundo os padrões de vida mundiais, conhecem segundo a lenda, um oásis secreto oculto entre as dunas escaldantes deste deserto, cujo solo está juncado de um número imenso de enormes diamantes.
Conta-se que apenas um homem branco, um soldado que se perdeu da sua patrulha, no deserto, foi dado contemplar esse fabuloso, oásis.




Capturado e conduzido ao local pelos Bosquímanos, o soldado conseguiu fugir e obter fundos que lhe permitiriam financiar uma expedição que faria a sua fortuna.


Foi encontrado morto, semanas mais tarde, com o coração trespassado por uma seta de bosquímano.
Na sua algibeira encontravam-se um mapa assinalando o caminho para o local onde se ocultava o tesouro e vários diamantes em bruto. Ninguém ainda conseguiu decifrar o mapa, pelo que o oásis diamantífero continua à espera de ser descoberto
















quinta-feira, 9 de junho de 2016

Amor eterno


 Podrá nublarse el sol eternamente;
Podrá secarse en un instante el mar;
Podrá romperse el eje de la tierra ...
Como un débil cristal.
¡todo sucederá! Podrá la muerte
Cubrirme con su fúnebre crespón;
Pero jamás en mí podrá apagarse
La llama de tu amor.

╔══╗
╚╗╔╝
╔╝(¯`v´¯)
╚══`.¸.Gustav Adolf Becker


(Gustavo Adolfo Domínguez Bastida; Sevilla, 1836 - Madrid, 1870) Poeta español.

terça-feira, 7 de junho de 2016

A caça ao antílope




Quando qualquer tribo resolve dar batalha aos antílopes que povoam as florestas, informa-se primeiro, das posições em que estes ùltimamente se encontraram, quais os caminhos que trilham e os pontos enfim, onde com frequência bebem água.



Combinado o dia da caçada, reúnem-se todos os homens da senzala em ponto não muito distante daquele onde se supõe estarem os animais, fazendo-se acompanhar dos seus rafeiros meio selvagens, com mais aspecto de chacais do que de animais domésticos, focinho ponteagudo, pêlo ouriçado, muito magros e por eles exclusivamente ensinados para tal fim.



A inteligência dos aborígenes consiste no conhecimento perfeito dos hábitos destes animais, e do partido que sabem tirar da sua incrível ligeireza corporal.



Armados de arcos, setas, zagaias, e com os competentes rafeiros, divide-se o troço de caçadores em duas fracções: uma a maior, passa para o lado do vento, largando seguidamente fogo ao mato, na extensão de alguns kilómetros; a outra espalha-se logo em semicírculo pela banda oposta a fim de tomar o passo a quantos bichos ameaçados pelas chamas, intentarem fugir pelos pontos não invadidos.



Começa então uma cena verdadeiramente interessante. Correm, saltam, apertam os pobres animais num círculo de ferro e fogo e,  no meio de gritos latidos, urros e detonações, envolvem o campo de acção, entregando-se a completo delírio.


Estabelece-se a luta terrível. De uma parte, os antílopes aterrados com a vista das chamas próximas e ataques repetidos dos cães, defendem a sua existência a todo o transe; da outra, os indígenas no meio de toda esta confusão, desenvolvendo incrível actividade, vibram golpes em todos os sentidos.


... Ao cair da tarde, a atmosfera, assombrada pelo fumo da grande fogueira, reflete os pálidos clarões do último gigante da floresta, que arde; o crepúsculo, invadindo o vasto recinto esbraseado, deixa ver iluminadas, essas centenas de homens cobertos de cinzas e de sangue, intrépidos entre as derradeiras línguas de fogo, de armas em punho, derribando o inimigo, com certeiros golpes.

ao sacrifício de tantas vítimas indefesas, não deixa de ser grandioso o quadro a que, à semelhança de cataclismos, somos em poucas horas, transportados por um bando de homens perseguidos pelo desejo e necessidade de se alimentarem, em regiões onde o mais simples recurso custa às vezes a existência!




H. Capelo e Roberto Ivens (De Benguela às Terras d Iaca)
      


  (retirado do meu livro de leitura do 1º. ano do ensino  liceal  1952



Batuque



batuque:
Há um preceito que todo o indígena cumpre; a dança.
Batuque que lhe conste , a léguas de distãncia que e  se realize, longe que o fareje, ele aí vai, traje  de gala - plumas de avestruz, de algrete, de outras aves, cobrindo-lhe a cabeça ; uma pele de animal selvagem envolvendo-lhe o tronco; anilhas pelos braços ; amuletos ao peito: rabos de boi pendendo-lhe dos braços e das pernas.


E o batuque vem a propósito de tudo: casamento, nascimento, morte; a propósito de um facto notável; a qualquer pretexto, ou até o que é mais simples, a pretexto algum.
Mas o fim do batuque não é como pode parecer , dançar: é beber ! Por isso a dança vai terminando naturalmente,  por falta de gente, que  ébria, vai ficando a dormir...
Fica bem definida a atracção, que todo o indígena tem para a dança - o batuque - , afirmando o que os europeus sintetizam nesta frase : -
« É preciso que um homem ou uma mulher, de qualquer idade  que seja se ache impossibilidade de se mover, para resistir ao apelo do batuque».



Ainda que em alguns casos a música do batuque seja harmónica, na maioria das vezes, não o é. Pelo contrário, simples ruídos, constantemente repetidos horas e dias, marcam o compasso da dança. A letra é quase sempre sem significado, ou pouco a propósito.


Que ninguém julgue que o indigena de outras nações coloniais é mais civilizado que o da África Oriental Portuguesa ! Meio e natureza iguais produzem individuos iguais.
Apenas o trabalho dos Missionários, desprendidos do mundo, têm conseguido fazer do indígena esta coisa dificil - um homem.


M.C. - África misteriosa -  Moçambique 1952


        (retirado do meu livro de leitura do 1º. ano do ensino  liceal  1952

segunda-feira, 6 de junho de 2016

... era uma vez um Santo António





Ao deparar-me  com tão insólito achado, primeiro pensei no lírios do campo,do Érico Veríssimo. Se calhar deu-lhe para os " olhar" ao aproximar-se o dia dele.
Depois pensei nos "insondáveis caminhos do Senhor"...e que aquele encontro poderia ser até premonitório,  para mim.. Cruzes e fiz figas  com os dedos.. (mal não faz e acalma pensamentos negativos...  
Depois. ficou a interrogação... Que andaria este pobre de Cristo a fazer no meio dos lírios do campo, e com o menino ao colo??
...
Outras gentes outros  costumes. Cestos com  fruta, garrafas de espumante invariavelmente vazias, velas, pão, e até frangos mortos e colocados numa espécie de ritual...Já encontrei de tudo  Hoje encontrei um  Santo Antoninho e  mais à frente encontrei bugigangas femininas colares de contas , chávenas com conteúdos estranhos e já ressequidos sacos com ervas esquisitas e sei lá que mais.

Que mais nos irá acontecer?
 Pago para ver!!!

Poemas inconjuros

  A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias Cada coisa é o que é . E é difícil explicar a alguém quanto isso me...