Os cuanhamas, porque se dedicam à agricultura e á criação de gado, têm de dividir o trabalho.
O trabalho do campo, excepto o arroteamento e a vedação, pertence ás mulheres, que estão encarregadas também das ocupações domésticas.
Por outro lado, tudo o que se refere ao gado é ocupação dos homens. É claro que esta divisão, de tarefas não exclui que o homem não ajude casualmente a mulher na monda do mantimento, nem que a mulher se junte aos homens para no campo seco dessedentar todo o gado tirando a água muitas vezes de poços fundos com meios primitivos.
Uma ocupação ocasional, reune igualmente homens e mulheres; a pesca que se pratica todos os anos com grande êxito pelos indígenas, que habitam as margens do Cuvelai, quando as águas nas lagoas baixam suficientemente.
Mais ao sul, ela só é possível nos anos de grandes cheias. Os homens servem-se de uma espécie de arpão, fixado a uma aste de madeira. As mulheres utilizam cestos especiais.
Todas s mulheres conhecem a arte de fabricar cestos. O material de que se servem é a folha fibrosa de palmeira- leque, que é bastante resistente.
Nenhum homem pode também ignorar a maneira como se fazem os cestos grandes, que servem para celeiros. O material é fornecido pela copaífera que dá as vergas, tirando-se as correias da casca. Depois de pronto, o cesto, leva uma ligeira camada de barro no interior, o que é outra vez trabalho de mulheres.
Como todos os povos, os Cuanhamas conhecem a separação do trabalho por profissões, umas exclusivamente de homens outras de mulheres.
Que a caça e o trabalho dos metais, não surpreende ninguém, mas espanta que eles exerçam também o ofício de «modistas». De facto, assim é.
A peça principal do vestuário feminino, é preparada, cortada e provada por homens especializados .
De todos os ofícios o de ferreiro é o mais considerado, envolvendo os que o praticam de um certo nimbo sobrenatural. Segundo a crença destes povos, a arte de transformar umas «pedras» em ferro, não se obtém apenas pelas forças naturais, sendo preciso uma intervenção sobrenatural. Por isso o acto mais importante antes da fundição, é a chamada «cura das pedras» que consiste na invocação dos espíritos dos antepassados e na oferta de diversos pequenos sacrificios.
Apesar desta superstição os ferreiros cuanhamas, são hábeis e célebres sabendo muito bem, temperar o metal
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O minério encontra-se em certos sítios da floresta, ao norte da terra habitada. É de fácil extracção encontrando-se muitas vezes à flor do solo. Para fazer provisão do ferro, os ferreiros de todas as tribos, deslocavam-se antigamente no tempo seco de Agosto até Novembro, para a região das minas, levando as familias e o gado.
Hoje em dia, a exploração das minas encontra-se bastante decaída. Felizmente, porém ainda há uns pequenos raros representantes da corporação, que conservaram as tradições antigas.
Uma vez a pequena aldeia instalada na floresta os ferreiros começam o trabalho, dedicando-se uns á fundição do minério outros á arte de forjar.
O bloco depois de frio, é esmagado pelo peso de uma pedra, e os pedacinhos de ferro, são em seguida trabalhados na forja, transformando-se em parte em utensílios como, enxadas, machadas ou em armas: flechas. zagalas, punhais, em parte em pequenos cubos que levam para a terra depois de acabar a estação das minas
A forja consiste essencialmente na fogo que arde no chão e que é intensificado pelo sopro de dois foles opostos. Uma pedra faz função de bigorna. O martelo tem a forma de um badalo e é muito pesado. Uma tenaz com anilha móvel, completa a ferramenta.
Como são dignos de admiração estes ferreiros cuanhamas que com instrumentos tão primitivos conseguem executar trabalhos como pontas de flechas, e até agulhas,etc...!
Aldeia Cuanhama
Padre Carlos Estermann e Elmano da Cunha e Costa - Angola 1950
O Padre Carlos Estermann foi um dos maiores e melhores estudiosos dos povos nativos de Angola e editou inúmeras obras de grande valor ciêntifico e histórico