sábado, 28 de maio de 2016

Afonso Henriques

Eduardo Malta. D. Afonso Henriques. Lisboa. Câmara Municipal de Guimaraes. 1940:
Em 1125, tendo apenas catorze anos e estando em Samora, armou-se cavaleiro na catedral . Por suas próprias mãos, segundo o costume dos reis, vestiu a loriga  (cota de malha) e apertou o cinto militar

Era segundo o testemunho de um contemporâneo, de gentil presença, eloquente cauteloso e de claro engenho, grande de corpo e destro nas armas.


Aos desassete anos à frente dos barões portugueses, que, segundo as tradições da raça, não viam com bons olhos a preponderância dos fidalgos galegos no governo de Portugal entrou em franca revolta contra a sua mãe, e derrotou-a na batalha de S. Mamede.


Aproveitando-se das lutas em que o rei de Portugal  andava envolvido Afonso VII entrou na Galiza e ocupou algumas terras sem encontrar resistência.


Auxiliado pelo esforço e constância dos seus súbditos, nunca descansou. Bateu-se vitoriosamente quase sempre contra Afonso VII que dominava toda a Espanã cristã, França e aquém do Ródano!


Infeliz em algumas entradas na Galiza, derrotou contudo um exército na batalha de Cerneja, mas teve de assinar a paz de Tui para acudir às fronteiras do sul invadidas pelos Muçulmanos, que cercaram e destruiram o castelo de Leiria, recentemente edificado.


A tomada de Leiria e a morte dos seus defensores foi vingada.: D. Afonso Henriques , refazendo o seu exército segue para o sul; invade o território ocupado pelos Muçulmanos,  e vai derrotá-los na memorável batalha de Ourique.


O campo de batalha  ficou alastrado de mortos, entre os quais, se achavam os cadáveres de mulheres muçulmanas que tinham vindo combater.


A vitória teve consequências importantes: Os sarracenos convenceram-se que não ficariam impunes as  *algaras no território ocupado pelos Cristãos.  (algaras é uma palavra de origem árabe que significa ataque de surpresa)


Pouco depois, o recontro de  Arcos de Valdevez acabou por convencer o Rei de Leão da impossibilidade de conservar unido ao império um país que reunia todas as condições para constituir uma nacionalidade distinta. E D. Afonso Henriques que se habituara a lutar sózinho contra Muçulmanos, que não acudia como vassalo  do rei de Leão nas guerras sustentadas contra os Muçulmanos , que não frquentava as assembleias políticas de  Afonso VII  nem lhe pagava tributos, vê-se por fim reconhecido oficialmente como Rei pelo tratado de Samora em 1143.
Ao mesmo tempo parece abandonar a velha ideia de estender os seus estados para o norte e nascente.
Toda a sua actividade de conquistador se volta então para o Sul.


Em Março de 1147 tomou Santarém, por surpresa; em Outubro do mesmo ano, apoderou-se de Lisboa. A conquista de Lisboa trouxe-lhe a rendição de Sintra, Almada e Palmela. Em 1185 consegiu entrar em Alcácer do Sal; em 1162 juntou-se Beja ao território português; em 1165 coube a vez a Évora, que Giraldo Sem- Pavor conquistou como outras terras no Alentejo.
No fim do seu reinado ainda teve de sustentar lutas com os sarracenos . Numa das invasões, chegaram estes até Santarém, que cercaram. O cerco foi levantado pela valentia do príncipe herdeiro, D. Sancho e pela intervenção de D. Fernando II Aí foi ferido mortalmente o imperador de Marrocos


Poucos anos depois, D. Sancho numa entrada audaciosa, vai até Sevilha, recolhendo a Portugal com grandes despojos.


Na organização das forças do Reino, na valentia perante os inimigos, na defesa e alargamento do território, no impulso dado às povoações, revelou-se D. Afonso Henriques, um Homem excepcional .


Faleceu em Coimbra em 1185.


A conselha-nos   Alexandre Herculano   que ao passarmos pelo portal da  Igreja de Santa Cruz onde se conservam as cinzas do primeiro Rei de Portugal, entremos lá dentro para as saudar .


E com justiça porque esse homem, encarnou admirávelmente as qualidades da Nação Portuguesa, guiando-nos para a independência e preparando a constituição definitiva do território português


Adaptação do texto, Dr. A. C. Pires de Lima - 1952


Retrato de D. Afonso Henriques de :
 Eduardo Malta .
 Câmara Municipal de Guimaraes. 1940


        (retirado do meu livro de leitura do 1º. ano do ensino  liceal  1952





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