quinta-feira, 26 de novembro de 2015
O cão e o lobo ( Um conto angolano )
Um dia morreu a mãe de um lobo; mas o orfão, sentindo mais fome do que pesar, disse para um cão seu amigo:
-É melhor comê-la : e depois quando morrer a tua, também a comeremos.
- Está dito !
Morreu a mãe do cão. Ora o lobo andava para a caça, e o seu colega pensou assim :
Se a enterro no mato, vem ele, o sempre faminto, sente o cheiro, abre a cova e devora-a ...
Será melhor enterrá-la debaixo da lareira.
Quando o lobo chegou perguntou :
- A tua mãe?
- Morreu e enterrei-a no mato - respondeu o cão.
Mas o carniceiro farejou por toda a parte, interrogou a terra, interrogou os ventos.
Debalde :
Não deu por nada!
Quis procurar na lareira, mas o calor era muito, escaldava-lhe as patas !
O cão, àquela vista rosnava, de si para si:
Eh, amigo, está quente ! Bem me lembra a mim da combinação que foi feita nesse dia em que comemos a tua mãe!
Desde então por diante, quando os cães se querem enrolar ao borralho, dão primeiro duas voltas completas em homenagem à progenitora sepultada na terra quente, e salva por esse estratagema, da dentuça insaciável do lobo...
D. JOÃO EVANGELISTA DE LIMA VIDAL - (Por terras de Angola)
João Evangelista de Lima Vidal (Vera Cruz, Aveiro, 2 de abril de 1874 — 5 de janeiro de 1958) foi um religioso português, bispo de Aveiro e membro da Ordem Terceira de São Domingos
(retirado do meu livro de leitura do 1º. ano do ensino liceal 1952
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
Picasso a azul
O período azul de Picasso decorreu entre 1901 e 1905. O nome provém da cor que dominava a gama cromática das pinturas, e teve a sua origem no suicídio do seu amigo Carlos Casagemas em 17 de fevereiro de 1901, que deixou Picasso cheio de dor e de tristeza.
Pintor e escultor espanhol, considerado um dos artistas mais importantes do século XX. Versátil era único e brilhante em todas as suas facetas, inventor de formas, técnicas e estilos inovadores, artista gráfico e escultor , um dos criadores mais prolíficos de toda a história , com mais de 20 mil obras criadas
. Picasso nasceu em Málaga em 25 de outubro de 1881, filho de Maria Picasso Lopez e do professor de arte José Ruiz Blasco .
Até 1898 utilizou os sobrenomes paternos e maternos para assinar suas obras, mas por volta de 1901 passou a usar somente o sobrenome da mãe.
O gênio de Picasso começa a destacar-se muito cedo. Aos 10 anos fez as suas primeiras pinturas, e aos 15 passou nos exames de admissão com distinção na Escola de Belas Artes de Barcelona, com a sua tela Ciência e Caridade (1897 , Museu Picasso, Barcelona) representando um médico, uma freira e um menino ao lado da cama de uma mulher doente, e com ele ganhou o primeiro prémio
Picasso, motivado e sensibilizado pela morte do seu amigo, pintou um quadro que nomeou A morte de Casagemas, quadro alegórico que começava a mostrar o seu passo ao período azul. .
Comecei a pintar em azul , quando percebi que Casagemas havia morrido”, escreveu Picasso. Casagemas era amigo de Picasso e cometeu suicidio em 1901, após ter sido rejeitado por uma mulher por quem estava apaixonado
É também um período de vida materialmente precário; vive entre Barcelona e Paris , onde divide a casa com o escritor Max Jacob. A casa pequena, de apenas uma cama era revesada entre eles: Picasso dormia durante o dia e trabalhava a noite; e Max Jacob dormia a noite e trabalhava durante o dia.
A fase azul estende-se até 1904, quando Picasso conhece Fernande Olivier, uma modelo por quem se apaixona.
Inicia-se então a fase rosa de Picasso que dura até 1906. Posteriormente Picasso revela que o seu famoso quadro “As meninas de Avignon” foi inspirado em Fernande.
Viveram juntos durante, sete anos.
Picasso morreu aos 92 anos a 3 de abril de 1973 en Notre-Dame-de-Vie, na sua residência próximo de Mougins.
Mais tarde foi transladado para o seu castelo na aldeia de Vauvernagues no sul da França onde repousa para sempre ao lado de Jaqueline sua ultima musa e mulher que amou apaixonadamente
Emil Nolde - Expressionismo
Emil Hansen, nasceu em 1867 na Dinamarca e faleceu em 1956
Em 1902 adopta o nome da sua terra natal Nolde na Silésia. O que significa uma afirmação às suas origens geográficas, mas também a uma paisagem que iria marcar decisivamente toda a sua obra pictórica.
Os seus quadros, tal como pretendia, chocavam o espectador, devido à vivacidade das cores, que contrastavam abusivamente umas com as outras, à deformação dos rostos das personagens retratadas, à distorção das perspectivas e ao excessivo uso de tinta.
A 4 de Fevereiro de 1906 Schimdt-Rottluff envia uma carta a Nolde Em nome do grupo Die Brücke, na qual o convida a juntar-se como membro activo à comunidade de artistas. Aquando de uma exposição na Galerie Arnold em Dresda os pintores Die Brücke ficaram profundamente impressionados com as «tempestades de cor» nas quais viam a realização de objectivos artisticos semelhantes aos seus. Apesar de ser bastante mais velho e já um pintor reconhecido Nolde adere à comunidade sendo seu membro activo até fins de 1907
Nolde tinha um carácter fechado desde a sua infãncia preferindo refugiar-se na solidão de Alsten. Desconhece-se porque motivo na altura aceitou o convite de Schimdt-Rottluff . No entanto depressa notou - seguramente durante uma estadia em Dresda - que seria incapaz de se integrar nessa conspirativa comunidade de luta artística.
A Die Brücke foi fundado a 7 de Junho de 1905 em Dresden por um grupo de estudantes de arquitectura da Escola Técnica de Dresden . Em 1910 o grupo estende a sua actuação a Berlim terminando a sua existência em 1913 como consequência de algumas discussões internas e dos diferentes desenvolvimentos artísticos de cada um.
Participar nas suas sessões de trabalho conjuntas e sujeitar os
resultados do seu trabalho acabados de pintar ao juízo crítico do grupo,
ia contra a sua natureza.
Mais tarde, nas suas memórias iria responsabilizar "atritos no sentido
humano e artístico" pela sua saída do grupo. acusando outros membros de o
copiar e de terem inoportunamente tirado proveito da.sua pintura
Apesar de Nolde ter sido membro do grupo pouco tempo, ambas as partes tiraram partido desse encontro. Nolde trás à comunidade o novo meio de expressão da gravura a água forte e a sua amizade com um colecionador de Hamburgo, possibilitou ao grupo, obter contactos importantes com colecionadores e patrocinadores.
A
camaradagem mesmo que curta com os jovens membros do grupo, Die Brücke,
fê-lo sentir-se ao mesmo tempo reforçado e apoiado quanto á sua criação
artística, e o confronto com as torrentes de cor de Van Gogh, com o
exotismo de Gauguin e o misticismo de Munch acaba por fecundar a sua
própria obra.
De certa forma, Nolde tinha uma maneira de encarar o trabalho muito
parecida com a de Van Gogh. Era com a mesma emotividade e paixão que se
dirigia à tela.
Era incapaz de trabalhar regularmente ou com plano fixo para o dia.
Em cada tela nova a acção de pintar tornava-o num acto de despojamento
do seu próprio ser.Quanto mais ligava a sua arte à sua vida mais ele
duvidava das suas faculdades.
A tempos felizes e produtivos no sentido artístico , seguiam-se fases de
resignação, nas quais se via impossibilitado de trabalhar.Em fases
dessas quando Nolde não estava contente com o resultado, destruía ou
cortava numerosas obras suas, tendo-se muitas vezes arrependido depois.
"Penso nalgumas pinturas destruídas como se pensasse na felicidade
perdida", escreve saudoso, na sua autobiografia.
Em 1933 quando os nazis sobem ao poder, Nolde sucumbe a um equívoco
fatal, pensando ver realizada na sua própria arte, essa pintura
enraizada na Alemanha do Norte, as ideias nazis de uma arte nascida da
superioridade da raça nórdica.
Pouco depois Nolde é obrigado a reconhecer o seu engano de forma violenta.
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
Bauhinia forficata ou Pata-de-vaca
Dados desta planta: Nome comum: árvore orquídea. Família: Caesalpiniaceae, Leguminosae. Existem mais de 200 espécies de árvores e arbustos. Origem: América do Sul, nativa do Peru, Bolívia, Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina.
Esta veio do Jardim Botãnico do Porto, antiga Casa Andresen
sábado, 17 de novembro de 2012
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
O passado fica nós passamos
O passado é sempre um destroço fumegante,
uma sombra que nos persegue,uma pele da nossa pele
que não aceita compromissos ou rupturas.
Irá connosco até ao fim, como as tatuagens
e as cicatrizes,como uma ferida incurável na voz.
O passado desagua no delta das nossas incertezas,
fantasma omnipresente do que deixámos por cumprir.
Lembras-te de mim, neste retrato,tapando o rosto, com medo do vento e com vergonha de ter medo?
Lembras-te de nós, tão longe de casa
a passearmos pelas ruas íngremes de uma cidade, sem nome mas de perfume intenso?
Lembras-te de ti a morrer aos poucos dentro de mim
com a serena indiferença de quem imagina
que tudo é imutável, só porque o queremos imutável?
É isso o passado: o sentimento por trás da imagem,
a recordação colada à fotografia, o aroma de uma despedida que ficou para sempre inconfessada.
Nós passamos, mas o passado fica, teimosamente,
a lembrar-nos que ainda temos muito que passar,
sorriso asfixiado contra um vidro fosco
onde os pássaros embatem e morrem, arquejantes,
vitimados pela armadilha do fulgor do sol.
José Jorge Letria
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Crónicas
Trago dentro do meu coração
Como num cofre que se não pode fechar de cheio
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero
(Álvaro de Campos)
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