domingo, 20 de março de 2016

Adeus amigos fiéis

Barry - L'ile de Ravagneurs:


A 8 kilómetros de Paris seguindo pela margem do Sena até Asnières-sur-Seine encontra-se um lugar coberto de vegetação. É ali que o rio se abre para uma  uma pequena ilha.
Atravessando a ponte que leva a essa ilha  encontramos um portão largo e bonito que dá para alamedas sombreadas e terraços floridos com lápidezinhas espalhadas pelo meio .

Chegamos ao Cemitério de cães.
Neste local estão enterrados cerca de 10.000 amigos do homem. E nem todos são cães - há também gatos, galinhas, macacos e até um leão, uma gazela e dois cavalos.
Um dos emblemáticos monumentos é em memória de Barry.
O cão foi esculpido em granito e às suas costas tem uma  menina que salvou das neves da montanha.
A lápide diz o seguinte:
"Salvou 40 pessoas pessoas, e morreu ao tentar salvar a quadragésima primeira"


               
                 Barry, embalsamado


Barry pertencia aos frades da Ordem de S. Bernardo e durante mais de sete anos da sua vida enfrentou as tempestades de inverno dos Alpes Franceses, na busca de viajantes perdidos ou vencidos pelo frio. Quando os encontrava, aquecia-os com o calor do seu corpo.
Se eles estivessem muito fracos para caminhar, Barry arrastava-os para fora da neve e saía a latir em busca de socorro.


No crepúsculo de um dia de dezembro Barry encontrou um homem perdido na neve. Estonteado pelo frio e vendo o vulto de um animal coberto de gêlo  a latir e a saltar para ele, o homem encheu-se de medo.
Tinha consigo uma barra de ferro, com a qual golpeou Barry na cabeça. Mesmo mortalmente ferido Barry arrastou-se até ao mosteiro para informar os frades que havia alguém a precisar de ajuda. Seguindo o rasto do seu sangue, os frades chegaram ao local onde estava o homem que ferira Barry e matara Barry.


O cemitério e um manancial de heróis de 4 patas, e de companheiros insubstituíveis dos seus donos. .
Numa lápide sobre um túmulo lê-se
"Drac, 1941-1953: Fiel companheiro de horas trágicas precioso amigo no exílio.(S.M. Raínha Elizabeth da Grécia, Princesa da Romania."




Mystico, esculpido em pedra, olha para os versos a ele dedicados pelo seu dono, Marcel Leguay (cantor francês do século XIX ) que dizem:
«Mystico, meu bom cão de pêlo áspero e ar vagabundo, nunca saberás, quanto eu te amei.»





Tola Dorian poetisa e escritora  (de origem russa mas naturalizada francesa pelo casamento ) deixou a este epitáfio  ao seu cão Sappho:
«Sappho, querido e nobre amigo se a tua alma não me acompanhar na longa jornada, não desejo a eternidade».


Três pequenos caniches estão esculpidos em granito, embaixo do qual se lê:
«Queridos amiguinhos, nós que somos jovens choraremos por vocês quando formos velhos"


Outra inscrição «Por Dolly que me salvou de um incêndio eu choro. »


E mais outra que por si mesmo conta uma história:


«Ao meu pêlo de arame querido, ao meu Tito,( amigos e amantes me traíram,) tu meu pequeno camarada, foste o único que correspondeu à minha confiança..


No túmulo de Griff há uma citação de Víctor Hugo:
«O cão é virtude, que não podendo tomar forma humana tomou forma animal»


Frase comum a muitos túmulos a muitas vezes citada por Pascal.:
 QUANTO MAIS CONHEÇO OS HOMENS MAIS AMO O MEU CÃO.



Este cemitério para animais existe graças a  Marguerite Durand, e Alexandre Dumas, que  induziram outros amigos dos animais a abrir  subscrições. Contribuiram  ricos e pobres grandes e pequenos, e a  cidade prontificou-se de imediato a ceder o terreno. Assim nasceu "Lille de Ravageurs "




O cemitério com cerca  de um hectar de terreno, pertence a uma sociedade particular e é mantido, através de entradas pagas a quem o  visitar e pela venda de lugares para sepulturas..
Nos seus portões, pede-se ao visitante, que não "não pise nas sepulturas, não corte as plantas, não ria alto, nem pratique actos de mau gosto"
A única diferença entre estas sepulturas e as do ser humano, é que nestas não há emblemas religiosos.


A verdadeira grandeza não consiste nos  actos de bravura mas também em dedicação quotidiana .
E aqui jazem os que foram, companheiros de grandes e pequenos.
Os seus epitáfios são testemunhas do consolo que souberam oferecer aos seus donos.


segunda-feira, 7 de março de 2016

Fumaria faurei

 :
Fumaria faurei é uma espécie de planta com flor pertencente à família Papaveraceae
Trata-se de uma espécie presente e natva do território português
Quinta do Covelo-Paranhos Porto

domingo, 6 de março de 2016

Os Himba





Onde o rio Cunene marca a fronteira da Namíbia com Angola, estende-se um território semi árido onde uma tribo de criadores de gado se instalou de forma permanente: os himba. Os quase   três mil himbas que ocupam 50 mil kilómetros quadrados da Kaokoland são oriundos de um grupo muito mais extenso de pastores de idioma herero.

Inicialmente nómadas, o povo, himba foi-se tornando sedentário, devido à localização dos poços de água.

Tanto os homens como as mulheres são fácilmente reconhecíveis pelo seu porte e beleza.
A imagem é muito importante para eles, dando atenção às roupas e adornos.
Mas mais pelo vestuário os himbas são facilmente reconhecidos pelo seu tom de pele avermelhada . A cor provém de uma tinta que as mulheres utilizam com frequência e para a produzir moem algumas pedras de ferro oxidadas até conseguirem uma mistura de pó ocre com gordura de animal.
Da mistura obtem-se um creme espesso e avermelhado que espalham pelo corpo e até pelas roupas tingindo tudo de vermelho.

A tinta vermelha é a base de uma imagem cuidada, completada pelos adornos, roupas de couro, e penteados complicados. Não retiram os adornos durante o dia. Inclusivamente, para os trabalhos mais duros, os homens e as mulheres, são ataviados com todo o conjunto de adornos.No dia a dia  dos himbas o trabalho é constante durante as horas em que há luz, tratando e alimentando o gado. A tarefa diária de moer o milho ainda se realiza utilizando os pilões de pedra, tal como no Neolítico . 
 Antigamente e quando nómadas, os himba os povoados ficavam apenas a alguns meses do mesmo local mas agora como os poços têm permanentemente água, os povoados são fixos e as casas têm de ser reparadas, constantemente .
Por  tal motivo os himbas recorrem mais uma vez ao seu gado.





O gado é o centro da vida dos himba.Dele extraem o leite e o requeijão  à base da sua dieta, o esterco com que constroem as casas, e o couro com que se vestem.Por esta razão, o cuidado e a protecção do gado, convertem-se na principal tarefa desta tribo e a mais importante para todos!

smilieLuzB

quinta-feira, 3 de março de 2016

Aestivum de Leucojum

Aestivum de Leucojum


  Também conhecido como o floco de neve de verão ou a Lily Loddon, é nativa da Europa (incluindo o Reino Unido) e sudoeste da ÁsiaAestivum:


Período de floração: final do inverno, início da primavera



Porto Paranhos - Quinta do Covelo

Cimbalária-dos-muros - Cymbalaria muralis





 Planta invasora espalha-se rápidamente entre fendas e muros de granito e cresce até 5 centímetros.


Originária do sudoeste da Europa, em Portugal expande-se a norte do Tejo.
É muito comum no norte de Portugal e pessoalmente tenho um grande apreço por ela, pela sua beleza pela sua resistência e pela decoração e embelezamento de muros
Muros da Quinta do Covelo -Paranhos Porto


sábado, 27 de fevereiro de 2016

Bosquímanos (I)

Para oeste e longe da influência híbrida do Delta, abre-se um território de savanas que faz fronteira com as terras da Namibia. No meio da planície, ergue-se uma montanha sagrada, que esconde vestígios das antigas populações, cuja arte pictórica remonta a vinte mil anos.
São pinturas rupestres de um povo, que outrora se estendia por quase todo o continente e hoje se encontra reduzido a pequenos povoados nos desertos do cone sul africano .


Entre o século XIII e XV . duas vagas sucessivas de tribos bantus vindas do Norte, expulsaram algumas tribos nómadas que habitavam a  região da África do Sul.
Alguns grupos aprenderam com os invasores as técnicas da criação de gado e da agricultura, e ficaram conhecidos mais tarde como hotentotes.Os que se mantiveram fiéis à pratica da caça e da recolecção, foram baptizados com o nome de bosquímanos pelos primeiros conquistadores europeus.


TSODILO E ARTE RUPESTRE
Eram descendentes dos artistas que pintaram as rochas da montanha.
Tsodilo é hoje depois de os bosquímanos terem deixado de pintar as pedras há séculos, um lugar sagrado para a sua gente.

Nas suas constantes migrações pelo local   sobem à rocha dos seus antecessores  e reverenciam as almas dos seus irmãos de origem.
Tsodilo, é para eles um local onde habitam os espíritos.

Os bosquímanos também conhecidos como «homens amarelos» vivem recolhidos no interior do Kalahari.
São pequenos, têm traços mongolóides e adaptaram-se ao deserto de uma forma admirável. Ninguém consegue sobreviver numa terra tão pobre como eles.



COSTUMES E SOBREVIVÊNCIA
Para combater a falta de água - no Kalahari chovem entre 100 a 500 milímetros de àgua por ano - os homens têm várias alternativas.
Uma delas reside oculta no interior da terra.
Trata-se de um bolbo carnudo de uma planta que guarda nas suas raízes esponjosas, um líquido amargo que alivia a sede e pode servir igualmente para tomar banho ou refrescar os homens nas tórridas planicies do deserto. Além de bolbos e raízes que lhes proporciona bebida e comida, os bosquímanos extraem do solo uma arma poderosa. Servindo-se de fortes cajados ou barras metálicas obtidas em intercâmbio com as tribos vizinhas, cavam no local adequado um buraco à procura de umas esferas diminutas, com aspecto de cerâmica. Pouco a poucm  as pequenas esferas vêm à superfície. Quando conseguem as suficientes, regressam ao povoado .

ARTE E ENGENHO
As esferas são afinal o invólucro de larva de um escaravelho
cujos fluídos corporais produzem um veneno mortal que os bosquímanos utilizam nas suas flechas. Primeiro recolhem as setas que irão utilizar na próxima caçada, reparam-nas e são impregnadas do veneno que se produz em seguida .
Pegam nas esferas uma a uma e com mãos treinadas vão retirando do interior as pequenas larvas.
Arrancam-lhes a cabeça, e como se de um tubo de cola se tratasse, espremem o interior do animal pata um recipiente
Pouco a pouco na tigela de barro vai-se acumulando um líquido amarelo de aspecto ambarino.Entretanto um dos caçadores mastiga uma raíz de uma planta, e cospe o suco sobre o veneno das larvas, misturando os dois líquidos. O resultado é um veneno capaz de matar um homem em pouco tempo e do qual não se conhece antídoto.


LAZER
Quando cai a noite sobre a terra dos bosquímanos o som ritmico das suas canções, e dos seus bailes quebra o silêncio do deserto e da savana. Geralmente dançam para se divertirem, mas nas nas noites de lua cheia, executam uma dança purificadora . Os homens dançam em circulo à volta das mulheres e as crianças dançam e marcam o ritmo com palmas .


RITUAL
O bruxo da aldeia dirige as cerimónias Umas vezes o bruxo rompe o círculo, e atira-se para as chamas até que as mulheres o puxam para que as purifique: outras vezes aproxima-se das crianças e infunde-lhes o espírito benigno que afugentará os espíritos daninhos da morte e da doença.
O bruxo da aldeia dirige as cerimónias

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Os Dogon (II) Dogones


l:


Junto à fronteira de Burkina Faso, ergue-se a falha de Bandiagara . A falha que se prolonga para este até às montanhas Hombori  é uma profunda depressão formada por blocos de arenisca onde vivem diferentes povos, toucoulours peuls, songhois, makras e mais singular de todos os dogon.

No sopé da falha o povo dogon soube adaptar-se às  precárias condições do terreno

 

As suas casas erguem-se presas à rocha para aproveitar ao máximo o terreno cultivavel . E é nessa mesma rocha que se escondem os segredos e os costumes daquele que é um dos mais misteriosos povos de África.

 


Anualmente os dogon  circuncisam os filhos. Acreditam que as pessoas nascem com duas almas : uma de homem, outra de mulher.

Só com a circuncisão se repele a alma feminina e o menino se converte num autêntico homem.

Quando se celebra esta cerimónia, os dogon levam os circuncidados até às escarpas da falha .

Os homens adultos acompanham-nos e aconselham-nos enquanto lhes ensinam as antigas leis . Ao longo de dias da purificação estes homens-meninos  cantam e dançam, com umas simples vestes largas . Os circuncidados do ano anterior, vestidos com roupas diferentes estão sempre a seu lado . Com eles irão aprender as danças que celebram  a chegada dos novos homens ao povoado.

 

Quando a cerimónia chega ao fim os homens do povoado descem da parede que guarda os segredos das suas origens  guiados pelo Hogon o sacerdote e juiz da região depositário das crenças de um povo que não tem textos escritos.  Quando a comitiva chega às ruas, estas estão desertas.

Por estrita proibição da lei dogon, nenhuma mulher pode observar a cerimónia.

Para assegurar o cumprimento desta lei os acompanhantes – e em especial os circuncidados do ano anterior – adiantam-se à comitiva armados com paus.

 

Se uma mulher é surpreendida na rua bater-lhe-ão, como castigo ou, então, terá de pagar uma multa que geralmente consiste numa galinha.

 

Estas e outras tradições são transmitidas oralmente pelos anciãos a pessoas que se recusam a utilizar a escrita apesar de a conhecerem.

 

O povo que agora domina a falha, chegou há mais de seis séculos vindo de um local que se perde na noite dos tempos.

Alguns historiadores sustentam que eles eram parte do império pré- islâmico Mandé

O certo é que na escarpada parede que preside ao povoado se vêem casa que escondem a chave do enigma. Algumas são restos da antiga «povoação vermelha » formada por homens pequenos, expulsos pelos peuls à chegada à falha .Mas há outras que escondem cavernas, onde os primeiros dogon deixaram inúmeros pictogramas que falam de uma das maiores incógnitas do continente: A origem dos dogon.
Quando um grupo de cientistas da Universidade de Harvard, desvendou a primeira cavidade dos pictogramas, descobriu que se tratava de um verdadeiro compêndio de medicina e astronomia.Ali explicava-s, e o correcto funcionamento do corpo humano  e - o que é ainda mais surpreendente, - do nosso sistenma planetário . Saturno e os seus anéis, Júpiter e as suas luas sóis e planetas...Mas o maior mistério ainda estava por descobrir.


No interior das suas grutas os dogon escreveram um texto agora conhecido como a «Génese dos Dogon».
Nele conta-se como este povo veio de uma estrela obscura, uma das estrelas que segundo eles compunha o grupo Sírio e que se aproximava da terra de cinquenta em cinquenta anos.
Quando recentemente a ciência descobriu que Sirio era um sistema estelar composto por três estrelas uma das quais Sírio B edemora cinquenta anos a completar a sua órbita em volta de Sírio A, a ciência e a lenda pareciam estar de mãos dadas.
Os anciãos que conheciam a origem do seu povo  - talvez a lenda das estrelas - entregaram os seus segredos aos guardiãos do conhecimento aqueles que lhes permitiriam voltar a contactar com o mundo dos vivos .
São os Membros da Sociedade das Máscaras
Se existe um grupo relevante entre os dogon este é a Sociedade das Máscaras.
Os seus membros passaram por uma série de cerimónias secretas de iniciação e usam as máscaras sagradas. Representam animais ou ofícios e pertenceram a caçadores já mortos cujo espirito se apoderará do membro da Sociedade que usa a máscara durante as cerimónias.


A cada cinquenta anos e ao mesmo tempo que Sírio B Completa a sua órbita os membros da Sociedade realizam o Sigi, a principal festa dogon . As máscaras que ostentam uma cruz dupla representam o equilibrio entre o Céu e a Terra símbolo da estabilidade, e costumam encabeçar a dança .
Os movimentos dos dançarinos começam pausadamento, representando um Universo ordenado, mas vão-se convertendo, pouco a pouco num autêntico frenesim. É a representação da luta dos dogon contra os inimigos, o choque das forças positivas e negativas, da ordem e do caos...!


 

Poemas inconjuros

  A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias Cada coisa é o que é . E é difícil explicar a alguém quanto isso me...