sábado, 27 de fevereiro de 2016

Bosquímanos (I)

Para oeste e longe da influência híbrida do Delta, abre-se um território de savanas que faz fronteira com as terras da Namibia. No meio da planície, ergue-se uma montanha sagrada, que esconde vestígios das antigas populações, cuja arte pictórica remonta a vinte mil anos.
São pinturas rupestres de um povo, que outrora se estendia por quase todo o continente e hoje se encontra reduzido a pequenos povoados nos desertos do cone sul africano .


Entre o século XIII e XV . duas vagas sucessivas de tribos bantus vindas do Norte, expulsaram algumas tribos nómadas que habitavam a  região da África do Sul.
Alguns grupos aprenderam com os invasores as técnicas da criação de gado e da agricultura, e ficaram conhecidos mais tarde como hotentotes.Os que se mantiveram fiéis à pratica da caça e da recolecção, foram baptizados com o nome de bosquímanos pelos primeiros conquistadores europeus.


TSODILO E ARTE RUPESTRE
Eram descendentes dos artistas que pintaram as rochas da montanha.
Tsodilo é hoje depois de os bosquímanos terem deixado de pintar as pedras há séculos, um lugar sagrado para a sua gente.

Nas suas constantes migrações pelo local   sobem à rocha dos seus antecessores  e reverenciam as almas dos seus irmãos de origem.
Tsodilo, é para eles um local onde habitam os espíritos.

Os bosquímanos também conhecidos como «homens amarelos» vivem recolhidos no interior do Kalahari.
São pequenos, têm traços mongolóides e adaptaram-se ao deserto de uma forma admirável. Ninguém consegue sobreviver numa terra tão pobre como eles.



COSTUMES E SOBREVIVÊNCIA
Para combater a falta de água - no Kalahari chovem entre 100 a 500 milímetros de àgua por ano - os homens têm várias alternativas.
Uma delas reside oculta no interior da terra.
Trata-se de um bolbo carnudo de uma planta que guarda nas suas raízes esponjosas, um líquido amargo que alivia a sede e pode servir igualmente para tomar banho ou refrescar os homens nas tórridas planicies do deserto. Além de bolbos e raízes que lhes proporciona bebida e comida, os bosquímanos extraem do solo uma arma poderosa. Servindo-se de fortes cajados ou barras metálicas obtidas em intercâmbio com as tribos vizinhas, cavam no local adequado um buraco à procura de umas esferas diminutas, com aspecto de cerâmica. Pouco a poucm  as pequenas esferas vêm à superfície. Quando conseguem as suficientes, regressam ao povoado .

ARTE E ENGENHO
As esferas são afinal o invólucro de larva de um escaravelho
cujos fluídos corporais produzem um veneno mortal que os bosquímanos utilizam nas suas flechas. Primeiro recolhem as setas que irão utilizar na próxima caçada, reparam-nas e são impregnadas do veneno que se produz em seguida .
Pegam nas esferas uma a uma e com mãos treinadas vão retirando do interior as pequenas larvas.
Arrancam-lhes a cabeça, e como se de um tubo de cola se tratasse, espremem o interior do animal pata um recipiente
Pouco a pouco na tigela de barro vai-se acumulando um líquido amarelo de aspecto ambarino.Entretanto um dos caçadores mastiga uma raíz de uma planta, e cospe o suco sobre o veneno das larvas, misturando os dois líquidos. O resultado é um veneno capaz de matar um homem em pouco tempo e do qual não se conhece antídoto.


LAZER
Quando cai a noite sobre a terra dos bosquímanos o som ritmico das suas canções, e dos seus bailes quebra o silêncio do deserto e da savana. Geralmente dançam para se divertirem, mas nas nas noites de lua cheia, executam uma dança purificadora . Os homens dançam em circulo à volta das mulheres e as crianças dançam e marcam o ritmo com palmas .


RITUAL
O bruxo da aldeia dirige as cerimónias Umas vezes o bruxo rompe o círculo, e atira-se para as chamas até que as mulheres o puxam para que as purifique: outras vezes aproxima-se das crianças e infunde-lhes o espírito benigno que afugentará os espíritos daninhos da morte e da doença.
O bruxo da aldeia dirige as cerimónias

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Os Dogon (II) Dogones


l:


Junto à fronteira de Burkina Faso, ergue-se a falha de Bandiagara . A falha que se prolonga para este até às montanhas Hombori  é uma profunda depressão formada por blocos de arenisca onde vivem diferentes povos, toucoulours peuls, songhois, makras e mais singular de todos os dogon.

No sopé da falha o povo dogon soube adaptar-se às  precárias condições do terreno

 

As suas casas erguem-se presas à rocha para aproveitar ao máximo o terreno cultivavel . E é nessa mesma rocha que se escondem os segredos e os costumes daquele que é um dos mais misteriosos povos de África.

 


Anualmente os dogon  circuncisam os filhos. Acreditam que as pessoas nascem com duas almas : uma de homem, outra de mulher.

Só com a circuncisão se repele a alma feminina e o menino se converte num autêntico homem.

Quando se celebra esta cerimónia, os dogon levam os circuncidados até às escarpas da falha .

Os homens adultos acompanham-nos e aconselham-nos enquanto lhes ensinam as antigas leis . Ao longo de dias da purificação estes homens-meninos  cantam e dançam, com umas simples vestes largas . Os circuncidados do ano anterior, vestidos com roupas diferentes estão sempre a seu lado . Com eles irão aprender as danças que celebram  a chegada dos novos homens ao povoado.

 

Quando a cerimónia chega ao fim os homens do povoado descem da parede que guarda os segredos das suas origens  guiados pelo Hogon o sacerdote e juiz da região depositário das crenças de um povo que não tem textos escritos.  Quando a comitiva chega às ruas, estas estão desertas.

Por estrita proibição da lei dogon, nenhuma mulher pode observar a cerimónia.

Para assegurar o cumprimento desta lei os acompanhantes – e em especial os circuncidados do ano anterior – adiantam-se à comitiva armados com paus.

 

Se uma mulher é surpreendida na rua bater-lhe-ão, como castigo ou, então, terá de pagar uma multa que geralmente consiste numa galinha.

 

Estas e outras tradições são transmitidas oralmente pelos anciãos a pessoas que se recusam a utilizar a escrita apesar de a conhecerem.

 

O povo que agora domina a falha, chegou há mais de seis séculos vindo de um local que se perde na noite dos tempos.

Alguns historiadores sustentam que eles eram parte do império pré- islâmico Mandé

O certo é que na escarpada parede que preside ao povoado se vêem casa que escondem a chave do enigma. Algumas são restos da antiga «povoação vermelha » formada por homens pequenos, expulsos pelos peuls à chegada à falha .Mas há outras que escondem cavernas, onde os primeiros dogon deixaram inúmeros pictogramas que falam de uma das maiores incógnitas do continente: A origem dos dogon.
Quando um grupo de cientistas da Universidade de Harvard, desvendou a primeira cavidade dos pictogramas, descobriu que se tratava de um verdadeiro compêndio de medicina e astronomia.Ali explicava-s, e o correcto funcionamento do corpo humano  e - o que é ainda mais surpreendente, - do nosso sistenma planetário . Saturno e os seus anéis, Júpiter e as suas luas sóis e planetas...Mas o maior mistério ainda estava por descobrir.


No interior das suas grutas os dogon escreveram um texto agora conhecido como a «Génese dos Dogon».
Nele conta-se como este povo veio de uma estrela obscura, uma das estrelas que segundo eles compunha o grupo Sírio e que se aproximava da terra de cinquenta em cinquenta anos.
Quando recentemente a ciência descobriu que Sirio era um sistema estelar composto por três estrelas uma das quais Sírio B edemora cinquenta anos a completar a sua órbita em volta de Sírio A, a ciência e a lenda pareciam estar de mãos dadas.
Os anciãos que conheciam a origem do seu povo  - talvez a lenda das estrelas - entregaram os seus segredos aos guardiãos do conhecimento aqueles que lhes permitiriam voltar a contactar com o mundo dos vivos .
São os Membros da Sociedade das Máscaras
Se existe um grupo relevante entre os dogon este é a Sociedade das Máscaras.
Os seus membros passaram por uma série de cerimónias secretas de iniciação e usam as máscaras sagradas. Representam animais ou ofícios e pertenceram a caçadores já mortos cujo espirito se apoderará do membro da Sociedade que usa a máscara durante as cerimónias.


A cada cinquenta anos e ao mesmo tempo que Sírio B Completa a sua órbita os membros da Sociedade realizam o Sigi, a principal festa dogon . As máscaras que ostentam uma cruz dupla representam o equilibrio entre o Céu e a Terra símbolo da estabilidade, e costumam encabeçar a dança .
Os movimentos dos dançarinos começam pausadamento, representando um Universo ordenado, mas vão-se convertendo, pouco a pouco num autêntico frenesim. É a representação da luta dos dogon contra os inimigos, o choque das forças positivas e negativas, da ordem e do caos...!


 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Dente de leão...teu pai é careca...?! ㋡



O Dente-de-leão é uma planta medicinal, também conhecida como Amor-dos-homens, Taráxaco ou Quartilho, muito utilizada para tratar problemas nos rins e no fígado.
O seu nome científico é Taraxacum officinale e pode ser comprada em lojas de produtos naturais, e farmácias

dente de leão:
E em Portugal  esta brincadeira passa de geração para geração, as crianças conhecem a planta pela designação «o-teu-pai-é-careca?» É uma espécie  um jogo infantil que supostamente mostrará se o pai de outra criança, a quem se faz a pergunta, será careca ou não, depois de soprar os frutos desta planta que, ao serem levados pelo vento, deixam uma base semelhante a uma cabeça careca.


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Dogones

Sendo um povo primitivo de camponeses,  muitos ainda habitam em cavernas - nas montanhas Hombori, no sul do Mali.

Como povo, são um mistério fascinante pois preservam no âmago secreto da sua religião informações precisas sobre o sistema estelar Sirius, impossivel de obter sem o auxilio de equipamento astronónico sofisticado e que só foi confirmado por astrónomos em 1970.
Os Dogones afirmam, que a informação lhes foi transmitida por visitantes extraterrestres do sistema Sirius.
A estrela a que os Dogones chamam Po Tolo, chama.se Sirius B nas modernas cartas astronómicas. Não é visivel a olho nu e não foi feito qualquer registo da sua existência pelo ocidentais, até em 1844 terem sido notadas irregularidades dos movimentos da mais visível estrela da constelação de Cão, Sirius A. Os cálculos sugeriam que esses movimentos podiam ser causados pela influência gravitacional de um segundo corpo estelar ainda não descoberto.
Em 1930 antropólogos franceses que trabalhavam em pesquisa de campo, foram pela primeira vez iniciados nos mistérios profundos da religião Dogone, e considerando a sua origem absolutamente espantosas.
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Os Dogones primitivos sabiam que os planetas orbitam em torno do Sol - e tinham calendários para o Sol, a Lua, Vénus e a estrela Sírius. Sabiam que Saturno tem anéis e Júpiter tem à sua volta quatro luas grandes.Mas este conhecimento astronómico tem pouca importancia quando comparada com a informação com a informação que têm de Sírius B.
Foram capazes de dizer aos antropólogos, que era o mais pequeno tipo de estrela, era de cor brancae extremamente pesada. Foram ainda capazes de dizer que a órbita de Sírius B é uma eclipse em torno de Sírius A,  que a estrela roda sobre o seu eixo e que a órbita tem um período de 50 anos.


Donde veio toda esta informação?


Foi trazida da própria Sírius dizem os Dogones por alienigenas anfíbios chamados oannes em veículos com a forma de ovo que caíram no Mar Vermelho. Os seres, que eram «metade peixe, metade homem» ensinaram à humanidade a astronomia a escrita, rudimentos de engenharia, e um sistema legal
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Imagens: https://pt.pinterest.com/

sábado, 20 de fevereiro de 2016

O Batuque

batuque:
Há um preceito que todo o indígena cumpre; a dança.
Batuque que lhe conste , a léguas de distãncia que e  se realize, longe que o fareje, ele aí vai, traje  de gala - plumas de avestruz, de algrete, de outras aves, cobrindo-lhe a cabeça ; uma pele de animal selvagem envolvendo-lhe o tronco; anilhas pelos braços ; amuletos ao peito: rabos de boi pendendo-lhe dos braços e das pernas.


E o batuque vem a propósito de tudo: casamento, nascimento, morte; a propósito de um facto notável; a qualquer pretexto, ou até o que é mais simples, a pretexto algum.
Mas o fim do batuque não é como pode parecer , dançar: é beber ! Por isso a dança vai terminando naturalmente,  por falta de gente, que  ébria, vai ficando a dormir...

Fica bem definida a atracção, que todo o indígena tem para a dança - o batuque - , afirmando o que os europeus sintetizam nesta frase : -
« É preciso que um homem ou uma mulher, de qualquer idade  que seja se ache impossibilidade de se mover, para resistir ao apelo do batuque».




Ainda que em alguns casos a música do batuque seja harmónica, na maioria das vezes, não o é. Pelo contrário, simples ruídos, constantemente repetidos horas e dias, marcam o compasso da dança. A letra é quase sempre sem significado, ou pouco a propósito.


Que ninguém julgue que o indigena de outras nações coloniais é mais civilizado que o da África Oriental Portuguesa ! Meio e natureza iguais produzem individuos iguais.
Apenas o trabalho dos Missionários, desprendidos do mundo, têm conseguido fazer do indígena esta coisa dificil - um homem.


M.C. - África misteriosa -  Moçambique 1952

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Sardinheiras- Pelargonium graveolens

Pelargonium graveolens
Apesar de  diferentes esta espécie apresenta uma característica comum - possuem folhas, frondosas e muito aromáticas e crescem em arbusto acima de um metro e meio,
Pelo menos é o que acontece com a minha que vive dentro de uma marquise envidraçada e com sol no verão durante a tarde.





Só por isso, Mãe


(Maternidade Almada Negreiros)


Mesmo que a noite esteja escura,
Ou por isso,
Quero acender a minha estrela.
Mesmo que o mar esteja morto,
Ou por isso,
Quero enfunar a minha vela.
Mesmo que a vida esteja nua,
Ou por isso,
Quero vestir-lhe o meu poema
Só porque tu existes,
Vale a pena!


Lopes Morgado (Areias de Vilar, Barcelos, 23/4/1938)
Sacerdote – Frei da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos - , professor, escritor, poeta, jornalista



Poemas inconjuros

  A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias Cada coisa é o que é . E é difícil explicar a alguém quanto isso me...