quinta-feira, 6 de abril de 2017

O príncipe com orelhas de burro

Era uma vez um rei, que vivia triste por não ter filhos, e mandou chamar três fadas para para que fizessem com que a raínha lhe desse um filho.
As fadas prometeram-lhe que os seus desejos seriam satisfeitos e que elas viriam assistir ao nascimento de príncipe.
Ao fim de nove meses a raínhadeu à luz um filho e as três fadas fadaram o menino.  A primeira fada disse:
-Eu te fado para que sejas o príncipe mais forte do mundo.
 A segunda fada disse:
Eu te fado para que sejas muito virtuoso e entendido.
A terceira fada disse:
Eu te fado para que te nasçam umas orelhas de burro!

Foram-se as três fadas e logo apareceram ao príncipe as orelhas de burro.O rei mandou fazer sem demora um barrete, que o príncipe devia usar sempre para cobrir as orelhas.
Crescia o príncipe em formosura e ninguém sabia na corte que ele tivesse   as tais orelhas de burro.
Chegou a idade em que ele tinha de fazer a barba, então o rei mandou chamar o seu barbeiro e disse-lhe:
- Farás as barba ao príncipe; mas se disseres a alguém que ele tem orelhas de burro, morrerás!
Andava o barbeiro com grandes desejos de contar o que vira; mas, o receio de que o rei o mandasse matar, calava consigo. Um dia foi.se confessar e disse ao padre:
- Eu tenho um segredo que me mandaram guardar: mas, se o não digo a alguém, morro; e se o digo, o rei manda-me matar. Diga, Padre; o  que hei-de fazer?
Responde-lhe o Padre, que fosse a um vale, que fizesse uma cova na terra, e que dissesse o segredo tantas vezes até ficar aliviado desse peso, e que depois tapasse a cova com terra.
O barbeiro, assim fêz; e, depois de ter tapado a cova, voltou para casa descansado.

Passado algum tempo, nasceu um canavial onde o barbeiro tinha feito a cova.Os pastores, quando ali passavam com os seus rebanhos, cortavam canas para fazer gaitas ; mas quando tocavam nelas, saíam umas vozes que diziam: - Príncipe com orelhas de burro ! -

O próprio rei, também tocou e sempre ouvia as vozes ! Então o rei mandou chamar as fadas e pediu-lhes que tirassem as orelhas de burro ao príncipe.
Então elas mandaram reunir toda a corte e ordenaram ao príncipe que tirasse o barrete ; Mas qual não foi o contentamento do rei, da raínha e do príncipe,  ao verem que já lá não estavam, as tais orelhas de burro !...
E a partir desse  dia  as gaitas que os pastores faziam, deixaram de dizer : - Príncipe com orelhas de burro ! -

Adolfo Coelho
Retirado do meu livro do 1º ano do ensino liceal 1952

 Francisco Adolfo Coelho 1847-1919
Filólogo, escritor e pedagogo autodidacta foi uma das figuras mais importantes da intelectualidade portuguesa dos finais do século XlX

Amores perfeitos


 É a flor do amor por excelência e na linguagem das flores quer dizer “penso em ti”.

O amor-perfeito (viola tricolor hortensis) é uma planta espontânea da Península Ibérica. É uma planta herbácea, da família das violáceas e tem flores solitárias com folhas dentadas. As suas cores são imensas o que provoca um belíssimo efeito visual. DSCF3426:
Do branco ao violeta, passando pelo amarelo, roxo e alaranjado, são um verdadeiro regalo para a vista tanto em jardins como nos interiores das casas.
DSCF3423:



Esta planta possui propriedades anti-inflamatórias e é utilizada no tratamento de doenças da pele, como acne, eczema, e da artrite reumatóide, gota e das doenças respiratórias como a bronquite e a tosse convulsa.DSCF3422:

terça-feira, 4 de abril de 2017

"Se"




Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na luta por um bem definitivo
Em que as coisas de amor se eternizassem.

Sophia de Mello Breyner Andresen

sábado, 1 de abril de 2017

A força está na essência ... A vitória está na paz

 Muitos séculos antes da nossa era  um egipcio a quem os gregos chamaram Hermes Trimegisto - que significa  três vezes mestre, (astrologia, alquimia e cálculo) e de cujo nome deriva a palavra hermético - escreveu que as plantas além de vida, tinham alma.
Na verdade este precursor da magia que viveu na época dos faraós, deu a entender que as plantas, por serem vivas, possuiam energia, que poderia ser positiva ou negativa .
Isso faz-nos lembrar a existência de uma gama de forças, não necessáriamente boas ou más, apenas diferentes entre si que ajudam em algumas ocasiões a suprir algumas das nossas deficiências.
 O louro por exemplo Foi sempre um símbolo de paz, glória e brilho.
Contam que a esposa do Imperador Augusto, Lívia Drusilla estava distraídamente sentada, quando uma águia deixou cair sobre o seu colo uma pomba branca que trazia no bico um ramo de louro com muitos frutinhos.
Esta pomba que havia sido enviada por Júpiter, foi considerada um emblema  de paz e as sementes do louro, foram plantadas nas margens do rio Tibre, na casa de campo dos Césares.
Muito tempo depois o lugar transformou-se num aprazível bosque onde os nobres e imperadores romanos iam em busca de descanso, sossego e tranquilidade .


                  A força está na essência ... A vitória está na paz...  é essa a simbologia do  louro...!
                                 
                                                                                                  





sexta-feira, 31 de março de 2017

A ❊❊❊


❊❊❊
Mal sabes, é certo.
Quem traça estas linhas.
Nem tu adivinhas,
Nem eu to direi.

Mas desde que há pouco,
Te vi à janela...
Supondo-te a estrela
Que me há-de guiar !

E um dia, se a sorte
Que a mim me persegue,
Quiser que eu sossegue
Jamais uma vez;
Será permitindo
Que instintos ditosos
Meus olhos saudosos
Descansem em ti .

Pergunta-me agora
O prémio que espero!

Ele é tão sincero ,
Tão puro este amor ,
Que mais do que a ver-te
Se acaso aspirasse,
Seria essa face
Beijar... e morrer!


João de Deus •.¸¸♥
Campo de Flores

sábado, 25 de março de 2017

A casa


A casa que eu amei foi destroçada
A morte caminha no sossego do jardim
A vida sussurrada na folhagem
Subitamente quebrou-se não é minha

Sophia de Mello Breyner Andresen
Imagem: Casa Andresen (actualmente Jardim Botânico)


Retrato de uma princesa desconhecida





Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos

Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino

Sophia de Mello Breyner Andresen

•*¨*•.¸¸  ❤

* Imagem de mulher da tribo Ndebele - África do Sul



Poemas inconjuros

  A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias Cada coisa é o que é . E é difícil explicar a alguém quanto isso me...