Seria o beijo
Que te pedi,
Dize, a razão
(outra não vejo)
Porque perdi
Tanta afeição?
Fiz mal, confesso:
Mas esse excesso
Se o cometi,
Foi por paixão,
Sim por amor
De quem?... de ti!
Tu pensas, flor
Que a mulher basta
Que seja casta,
Unicamente?
Não basta tal;
Cumpre ser boa,
Ser indulgente.
Fiz-te algum mal ?
Pois bem; Perdoa
É tão suave
Ao coração
Mesmo o perdão
De ofensa grave!
Se o alcançasse,
Se o conseguisse,
Quisera então
Beijar-te a mão,
Beijar-te a face ...
Beijar? Que disse !
(Que indiscrição...)
Perdão ! Perdao!
João de Deus
Campo de Flores
•.¸¸♥ •.¸¸♥ •.¸¸♥•.¸¸♥ •.¸¸♥ •.¸¸ Tanta ternura, lindo, lindo •.¸¸♥
terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
Última vontade e testamento de um cão
Escreveu mais de de 30 peças de teatro, e quase todas refletem uma mensagem de luta, heróica, e trágica do homem e que lhe valeram vários Prémio Pulitzer .
Recebeu também o Prémio Nobel da Literatura
O "testamento" que se segue, é uma excepção na obra de O'Neill pelo seu sentimentalismo e senso de humor.
Foi escrito para atenuar o desgosto da sua mulher Carlota, pouco antes da morte, por velhice do seu cachorro, em Dezembro de 1940.
.¸¸.•*•❥ Eu, Silverdene Emblem O'Neill (Blemie para a família e amigos) devido ao peso dos anos e das enfermidades, considerando que o meu fim se aproxima deixo na mente do meu dono, as minhas ùltimas recomendações e testamento. Ele só se aperceberá delas depois da minha morte e desde já lhe peço que as trascreva em minha memória.
Bens materiais não tenho. Os cães são mais sábios que os homens e nao dão grande valor às coisas, não perdem o seu tempo acumulando propriedades nem perdem as suas horas de sono preocupados em arrecadar objectos nem a desejar os que ainda não têm.
Nada tenho de valor para legar, a não ser o meu amor e a minha fé.
Estes deixo-os a todos que nesta vida me amaram:
aos meus donos, que sei. sentirão mais a minha falta;
A Freeman, que foi sempre tão bom para mim;
A Cyn, Roy, Willie e Naomi... se prosseguisse, enumerando os que me amaram, obrigaria o meu dono a escrever um livro.
Peço aos meus donos que nunca me esqueçam, mas que não chorem demais por mim. Causa-me pena pensar que a minha morte seja para eles motivo de dor. Devem lembrar-se que embora nenhum cachorro tenha tido uma vida melhor que a minha ( e devo isso ao amor e cuidado que tiveram comigo) agora estou cego, surdo e alquebrado e até o meu olfacto começa a falhar-me de tal modo que até um coelho pode passar-me pelo focinho e eu não dar por isso, e o meu orgulho e amor-próprio desapareceram, num mar de humilhação.
É como se a vida escarnecesse de mim, por estar a retardar as despedidas.É hora de dizer adeus antes de me tornar um fardo pesado, para mim e para os que me amam. Será uma pena deixá-los, mas não é pena morrer.
Os cães, não temem a morte como os homens. Aceitamo-la como parte da vida e não como algo de estranho e terrível .
Gostaria de partilhar a confiança dos meus parentes dálmatas devotos maometanos que existe um Paraíso onde se é sempre jovem e feliz, onde se passa o tempo perseguindo belas e lânguidas huris com manchas lindas; onde há coelhos «ligeiros» e se contam como as areias do deserto: onde cada hora é hora de comer: onde nas noites mais longas há lareiras, com lenha a arder indefinidamente e um cachorro se pode enrodilhar, piscar para as chamas cochilar e sonhar recordando os velhos tempos na Terra e o amor dos seus donos.
Receio que isso esteja muito além daquilo que mesmo um cachorro como eu possa almejar.
Porém, paz, estou certo que terei para um velho coração, cabeça e corpo cansados, e sono eterno sob a terra que tanto amei.
Talvez até isto seja o melhor.
E por último, tenho um pedido muito importante a fazer:
Certa ocasião ouvi a minha dona a dizer: « Quando Blemie morrer, não quero mais nenhum cachorro. Gosto tanto dele que jamais poderei gostar de outro»
Peço-lhe agora, que por amor a mim, tenha outro cachorro. O contrário seria triste homenagem à minha memória.
O que me deixaria feliz seria o facto de eu ter pertencido à familia e ela nunca mais poder viver sem um cachorro dentro de casa. Nunca tive um espirito mesquinho e ciumento. Sempre acreditei na bondade da maioria dos cachorros. Alguns naturalmente são melhores que os outros mas todo o mundo sabe que não há quem se compare aos dálmatas. Sugiro pois, que o meu sucessor seja também um dálmata.
Dificilmente ele chegará a ser tão nobre, bem educado, atraente e distinto como eu fui nos bons tempos. Porém estou certo que ele se esforçará, para lhes agradar e até comparando os seus defeitos, ele contribuirá para manter bem viva a minha lembrança.
Para ele, deixo a minha coleira, a minha correia, o meu casaco e impermeável, feitos por medida por Hermès de Paris.
É claro que ele não os saberá usar, com a mesma elegância,como a minha ao circular na Place Vêndome em Paris, ou mais tarde, na Park Avenue em Nova Iorque, e despertar os olhares em mim, cheios de admiração; apesar de tudo repito estou convencido que ele , fará tudo, para não parecer um mero vira-latas. e até de certo modo poder comparar-se a mim, E com todos os defeitos que porventura tenha, deixo-lhe aqui os meus votos de que goze da felicidade que sei terá. na minha velha casa.
Uma última palavra de despedida meus queridos donos.
Sempre que visitarem o meu túmulo, murmurem nos seus íntimos, com saudades, mas felizes com a recordação da longa vida, que passamos juntos;
« Aqui jaz alguém que nos amou e a quem nós amamos»
Por mais profundo que seja o meu sono, eu os escutarei e nem todo o poder da morte, pode impedir que o meu espirito agradecido, abane alegremente o rabo .¸¸.•*•❥
Eugene Gladstone O'Neill (Nova Iorque, 16 de Outubro de 1888 – Boston, 27 de Novembro de 1953) foi um dramaturgo anarquista e socialista estadunidense. Recebeu o Nobel de Literatura de 1936 e o Prêmio Pulitzer por várias vezes.
sábado, 28 de janeiro de 2017
Abandonado
A rua é a do Almada, e a pintura dentro de uma Galeria mais diria Estudio de artista, excepcional.
Estive não sei quanto tempo parada no tempo, a admirar a pincelada e a sensibilidade artistica
Por mim passavam pessoas, novos velhos,totalmente alheios.Não paravam e mal olhavam...
Ali só eu e a obra do artista
Entre a rua sem trânsito de uma tarde de Quinta Feira Santa e o Cristo solitário quase poderia dar-lhe um titulo
Ontem como hoje...
ABANDONADOOntem como hoje...
Arte: António Beça
Porto
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
Van Gogh - Pós impressionismo
"...Não seria capaz de dizer o que é que me sufoca, que me aprisiona, que me parece a minha própria sepultura, mas tenho uma sensação como que de grades, de grilhetas de paredes ." Toda a história de Van Gogh com as suas fases de exaltação religiosa e humanitária, a sua irresistível vocação para a pintura é uma sucessão de árduas conquistasque lhe custaram grandes sofrimentos e, finalmente, a vida
Vincent Van Gogh era filho de um pastor protestante holandês Theodorus Van Gogh e de sua mulher Anna Cornélia O seu primeiro filho morrera à nascença; exatamente um ano depois dessa data, a 30 de Março de 1853 , um outro rapaz via a luz do dia. A este rapaz saudável foram dados os nomes do primeiro nado morto. Vincent Willem em homenagem aos dois avós.Por isso o primeiro dia de Vincent Van Gogh já trazia um agoiro.
Esse facto curioso não deve ter perturbado muito os pais, mas desde então um verdadeiro exército de psicanalistas tem tentado responder ao fascínio permanente de uma criança que nasceu no aniversário da sua morte, por assim dizer.E também poderá acontecer que o gosto de Vincent pelo paradoxal tenha surgido desta notável coincidência. (Vincent Van Gogh teve cinco irmãos, sendo um deles Theo .... (Theo) Theodorus nasce a 5 de Maio de 1857. Os dois irmãos tornar-se ão extremamente íntimos ao longo da vida, atravessando crises e períodos de tensão com um amor verdadeiramente fraternal
.
Aos dezasseis anos Vincent teve de começar a trabalhar e com o apoio de um tio sócio de uma firma ligada ao mercado artístico , emprega-se na Galeria Goupil de Haia, onde permanece três anos até à transferência para a sucursal de Londres, mais cotada e por fim para a Galeria sede de Paris.
Apaixonam-no os grandes mestres do passado e da época, que estuda em museus e galerias. Não sente, porém, qualquer interesse pelo comercio, pelo que deixa o seu emprego para regressar a Londres em princípios de 1876.
Campo de trigo e ciprestes 1890
Aos vinte e três anos Vincent não sabe ainda o que quer .
Lê muito, faz amiúde esboços e de vêz enquando atravessa uma crise religiosa. Leva uma vida errante, atravessando consigo as suas angústias , e o seu desejo de tornar-se útil. Primeiro vamos encontrá-lo em Ramsgate, Kent ensinando línguas : logo a seguir em Isleworth, perto de Londres onde se torna no auxiliar de um pregador ; em Dordrecht em prega-se numa livraria; em Amsterdão estuda teologia ; em Bruxelas inscreve-se numa escola evangelista. Finalmente no mês de Junho de 1879 obtém um cargo de pastor na bacia mineira de Borinage, na Bélgica. Aí assiste àquilo a que chama os cursos gratuítos da grande universidade da miséria, compartilha as privações e os sacrifícios dos mineiros ao ponto de repartir com eles o que possui.
Esta experiência leva-o a um estado de depressão, de que nunca virá a recompor-se. No entanto é em Borinage que nasce nele a ideia e a esperança, de levar a cabo a sua missão através da arte. Confia a decisão de tornar-se pintor ao seu irmão Theo, numa carta que lhe envia no verão de 1888; trata-se de uma daquelas cartas, numerosas e extraordinárias que escreve cada vez mais e obcessiva e que são essenciais para a compreensão da sua personalidade. Uma vez concluídos os seus estudos, Theo ingressara na sucursal da Galeria Goupil em Bruxelas, partindo daí para Haia e finalmente para Paris onde recebe a carta de Vincent. Comovido pela confissão do irmão, promete enviar-lhe regularmente dinheiro para ajudá-lo a tornar-se pintor.
A formação artística de Vincent é tão tormentosa e atribulada como o seu compromisso religioso; ao abandonar Borinage onde deixa a sua pasta de desenhos inspirados na vida dos mineiros, transfere-se para Bruxelas onde estuda anatomia e perspectiva.Mais tarde acossado pelas necessidades económicas, vai reunir.se à família em Etten onde o seu desejo de tornar.se artista é criticado e sofre também um desaire amoroso da parte de uma prima viúva(o seu primeiro fracasso sentimental) Durante o Inverno em Haia executa as suas primeiras telas, sobre a orientação do seu primo o pintor Mauve.
Compartilha a sua vida com Cristina, uma prostituta, a quem recolheu, ajudou e acarinhou. Cristina torna-se no seu modelo, e na sua companheira. Mas Vincent tem de deixá-la quando a indigência o força a regressar de novo para junto da família que entretanto se transferiu para Nuenen.
Vincent fica por ali dois anos trabalhando intensamente . A tragédia roça a sua vida quando uma vizinha Margot Begemann tenta suicidar-se pelo facto de a sua família, se opor ao casamento com Vincent, que ela ama sinceramente.
Os 250 desenhos que executa em Nuenen refletem os fulgurantes progressos do artista, o seu crescente domínio da técnica e a elaboração de um universo expressivo que acabaria por encontrar forma definitiva.
A repentina morte do pai e as carências monetárias levam-no a rumar a Anvers no Inverno de 1855; atravessa uma fase difícil, mas de trabalgo exaltante. Theo escreve-lhe de Paris acerca de novos artistas e Vincent vai ter com ele à capital em Março de 1886. Está com 33 anos mas parte do zero como um jovem debutante.
Esses dois anos em Paris vão proporcionar-lhe uma série de experiências culturais que lhe servirão de base para as extraordinárias produções artísticas seguintes. Inscreve-se imediatamente no atelier do pintor Cormon para onde se dirige todas as manhãs a fim de trabalhar sobre modelos ao vivo: desenha febrilmente, sem descanso, mesmo quando os modelos fazem uma pausa; e para lá regressa à tarde para copiar frescos clássicos. Trava conhecimento , com outros jovens artistas como Toulouse Lautrec e Bernard; dá-se com Pissarro, Seurat, Signat e Gauguin com quem se relaciona de uma forma especial. Participa nos debates e nas propostas inovadoras que se sucedem à crise do impressionismo. Aquele grupo de artistas quer e irá mais longe do que as conquistas do "traço livre" e do naturalismo óptico: isto desemboca por um lado no "pontilismo" de Seurat e de Signat, e por outro no "sintetismo" de Bernard e de Gauguin. Vincent não adere a essas tendencias que por diferentes motivos são estranhas à sua natureza; mas aproveita delas o que lhe pode servir; a arbitrariedade do colorido dos sintetistas, e as pequenas pinceladas soltas dos divisionistas.
Aceitando os conselhos de Toulouse-Lautrec, parte para Arles a 20 de Fevereiro de 1888. Fica maravilhado com a Provença, com os seus campos em flor as belas arlesianas, os zuavos da guarnição , os bebedores de absinto. A sua situação é, porém muito precária.
Passa fome. Não vende nada.
Insiste com Gauguin para que se lhe venha juntar em Arles, na casa que alugou e arranjou para convertê-la na "casa dos amigos". Considera Gauguin um mestre, mas pretende ao mesmo tempo mostrar a sua originalidade própria, as suas descobertas técnicas , a segurança que vai adquirindo.
Gauguin chega a 20 de Outubro de 1888. Os dois meses que se seguem, são de grande fecundidade para ambos. Mas, possuindo temperamentos muito diversos, as ocasiões para as disputas tornam-se cada vez, mais frequentes.Desvanece-se a ilusão de uma serena vida em comum e as altercações contínuas, arrasam os frágeis nervos de Van Gogh.
Na noite de 23 de Dezembro, por duas vezes, tenta atirar-se ao amigo com uma navalha de barba em punho; mas logo para castigar-se, volta a arma para si próprio e corta uma das suas orelhas que embrulha e manda de presente a uma jovem de bordel. Trata-se da primeira de uma série de crises, que marcaram os seus últimos anos . O período de Arles - o mais fecundo senão também o mais original,- chegara ao fim. Em Maio de 1889, é internado no hospital psiquiátrico de Saint-Rémy, na Provença, numa tentativa de curar-se, mas a situação piora. Todavia, o ano de Saint Rémy é o do primeiro, exito oficial de Van Gogh, convidado a expor no prestigiado Salão dos Vinte de Bruxelas.
Durante o ano que passa no hospício executará, 150 telas e centenas de desenhos, trabalhando como um possesso, embora o seu trabalho seja interrompido por longas crises, às quais se seguem dolorosos estados de prostração. Mas a tragédia é inevitável. Ao cabo de um ano abandona a clínica de Saint-Rémy para dirigir-se- a Auvers-Sur- Oise, onde o dr. Gachet aceitou tomá-lo a seu cargo. De caminho faz uma breve paragem em Paris para visitar o irmão. O médico é um apaixonado coleccionador de pintura e ele próprio pintor nas horas livres: a sua boa vontade em relação ao seu hóspede é imediata e sincera.Está convencido de que o trabalho pode ter uma função terapêutica no caso do doente dificil que lhe foi confiado.Vincent decide fazer o seu retrato, e as sessões de pose do doutor reforçam a amizade entre os dois. Vincent em umas das suas cartas dirigidas ao irmão diz sobre Gadget:
...
Esses dois anos em Paris vão proporcionar-lhe uma série de experiências culturais que lhe servirão de base para as extraordinárias produções artísticas seguintes. Inscreve-se imediatamente no atelier do pintor Cormon para onde se dirige todas as manhãs a fim de trabalhar sobre modelos ao vivo: desenha febrilmente, sem descanso, mesmo quando os modelos fazem uma pausa; e para lá regressa à tarde para copiar frescos clássicos. Trava conhecimento , com outros jovens artistas como Toulouse Lautrec e Bernard; dá-se com Pissarro, Seurat, Signat e Gauguin com quem se relaciona de uma forma especial. Participa nos debates e nas propostas inovadoras que se sucedem à crise do impressionismo. Aquele grupo de artistas quer e irá mais longe do que as conquistas do "traço livre" e do naturalismo óptico: isto desemboca por um lado no "pontilismo" de Seurat e de Signat, e por outro no "sintetismo" de Bernard e de Gauguin. Vincent não adere a essas tendencias que por diferentes motivos são estranhas à sua natureza; mas aproveita delas o que lhe pode servir; a arbitrariedade do colorido dos sintetistas, e as pequenas pinceladas soltas dos divisionistas.
Na noite de 23 de Dezembro, por duas vezes, tenta atirar-se ao amigo com uma navalha de barba em punho; mas logo para castigar-se, volta a arma para si próprio e corta uma das suas orelhas que embrulha e manda de presente a uma jovem de bordel. Trata-se da primeira de uma série de crises, que marcaram os seus últimos anos . O período de Arles - o mais fecundo senão também o mais original,- chegara ao fim. Em Maio de 1889, é internado no hospital psiquiátrico de Saint-Rémy, na Provença, numa tentativa de curar-se, mas a situação piora. Todavia, o ano de Saint Rémy é o do primeiro, exito oficial de Van Gogh, convidado a expor no prestigiado Salão dos Vinte de Bruxelas.
Durante o ano que passa no hospício executará, 150 telas e centenas de desenhos, trabalhando como um possesso, embora o seu trabalho seja interrompido por longas crises, às quais se seguem dolorosos estados de prostração. Mas a tragédia é inevitável. Ao cabo de um ano abandona a clínica de Saint-Rémy para dirigir-se- a Auvers-Sur- Oise, onde o dr. Gachet aceitou tomá-lo a seu cargo. De caminho faz uma breve paragem em Paris para visitar o irmão. O médico é um apaixonado coleccionador de pintura e ele próprio pintor nas horas livres: a sua boa vontade em relação ao seu hóspede é imediata e sincera.Está convencido de que o trabalho pode ter uma função terapêutica no caso do doente dificil que lhe foi confiado.Vincent decide fazer o seu retrato, e as sessões de pose do doutor reforçam a amizade entre os dois. Vincent em umas das suas cartas dirigidas ao irmão diz sobre Gadget:
...
" Perdeu a mulher há alguns anos mas continua muito profissional,
e a sua fé aguenta-o.Já somos muito amigos...
...Estou a trabalhar no seu retrato, com um gorro branco na cabeça,
muito ruivo, de compleição muito clara,
com a pele das mãos também muito clara,
um fraque azul sobre um fundo azul cobalto,
apoiado sobre uma mesa vermelha...
Tudo parece ir de vento em popa, mas as garras da doença de novo se apossam dele, sem apelo nem remissão. Um dia, dois meses depois da sua chegada a Auvers, preso de alucinações, dispara contra o coração em pleno campo. Estava.se a 27 de Julho de 1890; morre dois dias mais tarde, tendo à sua cabeceira o irmão e o dedicado dr Gachet.
Hilariana
Se eu de bordão e sacola
For bater ao seu portão,
Menina, dispenso a esmola:
Deixe-me beijar-lhe a mão.
For bater ao seu portão,
Menina, dispenso a esmola:
Deixe-me beijar-lhe a mão.
sábado, 14 de janeiro de 2017
Camões
Camões comparado
Aos mais escritores,
Nem entre os maiores
Foi sempre igualado:
Qual deles deu brado
Com tantos primores,
Tais frutos e flores
De engenho inspirado?
Com graças tão finas,
Ciência tamanha?
Estâncias divinas!
Qual deles lhe ganha?
Os mais são colinas,
Ele é a montanha!
Aos mais escritores,
Nem entre os maiores
Foi sempre igualado:
Qual deles deu brado
Com tantos primores,
Tais frutos e flores
De engenho inspirado?
Com graças tão finas,
Ciência tamanha?
Estâncias divinas!
Qual deles lhe ganha?
Os mais são colinas,
Ele é a montanha!
quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
Cantigas Populares
Ó ares da minha terra,
Vinde por aqui levar-me:
que os ares da terra alheia
nao fazem senão matar-me !
Trabalhai, dobrai o corpo,
se quereis ter algum bem;
olhai que nas eras de hoje,
quem não trabalha não tem.
Eu casei-me e cativei-me
"inda não me arrependi:
quanto mais vivo contigo,
menos posso estar sem ti.
Minha mãe é pobrezinha
nada tem para me dar:
dá-me beijos coitadinha,
e depois põe-se a chorar!
Minha mãe era uma santa,
por quem sempre chorarei,
porque amor igual ao dela,
nunca mais encontrarei.
Nem só de alegre se canta,
nem só de triste se chora;
de alegre tenho eu chorado
e de triste canto agora.
Cláudio Basto, (Flores de Portugal)
( o médico professor)
Cláudio Filipe Oliveira Basto, nasceu em Viana do Castelo em 1886 e faleceu em Carcavelos em 1945
Era formado em medicina ainda que paralelamente se tenha dedicado mais ao ensino em escolas secundárias e escolas profissionais e ao estudo dos costumes da língua e literatura portuguesa como professor e com funções de médico escolar
Escreveu e publicou vários livros entre os quais « Foi Eça de Queirós um plagiador? »
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Poemas inconjuros
A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias Cada coisa é o que é . E é difícil explicar a alguém quanto isso me...
-
Quando a minha alma estende o olhar ansioso Por esse mundo a que inda não pertenço. Das vagas ondas desse mar imenso Destaca-se-me um v...
-
A última frase escrita de Fernando Pessoa Morreu no dia seguinte a 30 de Novembro de 1935 com 46 anos vítima de cirrose hepática pr...
-
A rua é a do Almada, e a pintura dentro de uma Galeria mais diria Estudio de artista, excepcional. Estive não sei quanto tempo parada ...