sábado, 28 de janeiro de 2017

Abandonado

A rua é a do Almada, e a pintura  dentro de uma Galeria mais diria Estudio de artista, excepcional.
Estive não sei quanto tempo parada no  tempo,  a admirar a pincelada e a sensibilidade artistica
 Por mim passavam pessoas, novos  velhos,totalmente alheios.
 Não paravam e  mal olhavam...
Ali só eu e a obra do artista

Entre a rua sem trânsito  de uma tarde de Quinta Feira Santa e o Cristo solitário quase poderia dar-lhe um titulo
Ontem como hoje...
 ABANDONADO

Arte: António Beça
Porto

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Van Gogh - Pós impressionismo


Self Portrait by Vincent van Gogh:


"...Não seria capaz de dizer o que é que me sufoca, que me aprisiona, que me parece a minha própria sepultura, mas tenho uma sensação como que de grades, de grilhetas de paredes ." Toda a história de Van Gogh com as suas fases de exaltação religiosa e humanitária, a sua irresistível vocação para a pintura é uma sucessão de árduas conquistasque lhe custaram grandes sofrimentos e, finalmente, a vida
                                      
Vincent Van Gogh era filho de um pastor protestante holandês Theodorus Van Gogh e de sua mulher Anna Cornélia O seu primeiro filho morrera à nascença; exatamente um ano depois dessa data, a 30 de Março de 1853 , um outro rapaz via a luz do dia. A este rapaz saudável foram dados os nomes do primeiro nado morto. Vincent Willem em homenagem aos dois avós.Por isso o primeiro dia de Vincent Van Gogh já trazia um agoiro.

 Esse facto curioso não deve ter perturbado muito os pais, mas desde então um verdadeiro exército de psicanalistas tem tentado responder ao fascínio permanente de uma criança que nasceu no aniversário da sua morte, por assim dizer.E também poderá acontecer que o gosto de Vincent pelo paradoxal tenha surgido desta notável coincidência. (Vincent Van Gogh teve cinco irmãos, sendo um deles Theo .... (Theo) Theodorus nasce a 5 de Maio de 1857. Os dois irmãos tornar-se ão extremamente íntimos ao longo da vida, atravessando crises e períodos de tensão com um amor verdadeiramente fraternal
.


Aos dezasseis anos Vincent teve de começar a trabalhar e com o apoio de um tio sócio de uma firma ligada ao mercado artístico , emprega-se na Galeria Goupil de Haia, onde permanece três anos até à transferência para a sucursal de Londres, mais cotada e por fim para a Galeria sede de Paris.

Apaixonam-no os grandes mestres do passado e da época, que estuda em museus e galerias. Não sente, porém, qualquer interesse pelo comercio, pelo que deixa o seu emprego para regressar a Londres em princípios de 1876. Campo de trigo e ciprestes 1890 Aos vinte e três anos Vincent não sabe ainda o que quer .


Still Life with Bible  - Vincent van Gogh:
Lê muito, faz amiúde esboços e de vêz enquando atravessa uma crise religiosa. Leva uma vida errante, atravessando consigo as suas angústias , e o seu desejo de tornar-se útil. Primeiro vamos encontrá-lo em Ramsgate, Kent ensinando línguas : logo a seguir em Isleworth, perto de Londres onde se torna no auxiliar de um pregador ; em Dordrecht em prega-se numa livraria; em Amsterdão estuda teologia ; em Bruxelas inscreve-se numa escola evangelista. Finalmente no mês de Junho de 1879 obtém um cargo de pastor na bacia mineira de Borinage, na Bélgica. Aí assiste àquilo a que chama os cursos gratuítos da grande universidade da miséria, compartilha as privações e os sacrifícios dos mineiros ao ponto de repartir com eles o que possui.

Esta experiência leva-o a um estado de depressão, de que nunca virá a recompor-se. No entanto é em Borinage que nasce nele a ideia e a esperança, de levar a cabo a sua missão através da arte. Confia a decisão de tornar-se pintor ao seu irmão Theo, numa carta que lhe envia no verão de 1888; trata-se de uma daquelas cartas, numerosas e extraordinárias que escreve cada vez mais e obcessiva e que são essenciais para a compreensão da sua personalidade. Uma vez concluídos os seus estudos, Theo ingressara na sucursal da Galeria Goupil em Bruxelas, partindo daí para Haia e finalmente para Paris onde recebe a carta de Vincent. Comovido pela confissão do irmão, promete enviar-lhe regularmente dinheiro para ajudá-lo a tornar-se pintor.

A formação artística de Vincent é tão tormentosa e atribulada como o seu compromisso religioso; ao abandonar Borinage onde deixa a sua pasta de desenhos inspirados na vida dos mineiros, transfere-se para Bruxelas onde estuda anatomia e perspectiva.Mais tarde acossado pelas necessidades económicas, vai reunir.se à família em Etten onde o seu desejo de tornar.se artista é criticado e sofre também um desaire amoroso da parte de uma prima viúva(o seu primeiro fracasso sentimental) Durante o Inverno em Haia executa as suas primeiras telas, sobre a orientação do seu primo o pintor Mauve.
Painting vincent van gogh field of poppies 18987 - vincent van gogh ...:




Compartilha a sua vida com Cristina, uma prostituta, a quem recolheu, ajudou e acarinhou. Cristina torna-se no seu modelo, e na sua companheira. Mas Vincent tem de deixá-la quando a indigência o força a regressar de novo para junto da família que entretanto se transferiu para Nuenen. Vincent fica por ali dois anos trabalhando intensamente . A tragédia roça a sua vida quando uma vizinha Margot Begemann tenta suicidar-se pelo facto de a sua família, se opor ao casamento com Vincent, que ela ama sinceramente. Os 250 desenhos que executa em Nuenen refletem os fulgurantes progressos do artista, o seu crescente domínio da técnica e a elaboração de um universo expressivo que acabaria por encontrar forma definitiva. A repentina morte do pai e as carências monetárias levam-no a rumar a Anvers no Inverno de 1855; atravessa uma fase difícil, mas de trabalgo exaltante. Theo escreve-lhe de Paris acerca de novos artistas e Vincent vai ter com ele à capital em Março de 1886. Está com 33 anos mas parte do zero como um jovem debutante.
Vincent van Gogh:



Esses dois anos em Paris vão proporcionar-lhe uma série de experiências culturais que lhe servirão de base para as extraordinárias produções artísticas seguintes. Inscreve-se imediatamente no atelier do pintor Cormon para onde se dirige todas as manhãs a fim de trabalhar sobre modelos ao vivo: desenha febrilmente, sem descanso, mesmo quando os modelos fazem uma pausa; e para lá regressa à tarde para copiar frescos clássicos. Trava conhecimento , com outros jovens artistas como Toulouse Lautrec e Bernard; dá-se com Pissarro, Seurat, Signat e Gauguin com quem se relaciona de uma forma especial. Participa nos debates e nas propostas inovadoras que se sucedem à crise do impressionismo. Aquele grupo de artistas quer e irá mais longe do que as conquistas do "traço livre" e do naturalismo óptico: isto desemboca por um lado no "pontilismo" de Seurat e de Signat, e por outro no "sintetismo" de Bernard e de Gauguin. Vincent não adere a essas tendencias que por diferentes motivos são estranhas à sua natureza; mas aproveita delas o que lhe pode servir; a arbitrariedade do colorido dos sintetistas, e as pequenas pinceladas soltas dos divisionistas.


Aceitando os conselhos de Toulouse-Lautrec, parte para Arles a 20 de Fevereiro de 1888. Fica maravilhado com a Provença, com os seus campos em flor as belas arlesianas, os zuavos da guarnição , os bebedores de absinto. A sua situação é, porém muito precária. Passa fome. Não vende nada. Insiste com Gauguin para que se lhe venha juntar em Arles, na casa que alugou e arranjou para convertê-la na "casa dos amigos". Considera Gauguin um mestre, mas pretende ao mesmo tempo mostrar a sua originalidade própria, as suas descobertas técnicas , a segurança que vai adquirindo. Gauguin chega a 20 de Outubro de 1888. Os dois meses que se seguem, são de grande fecundidade para ambos. Mas, possuindo temperamentos muito diversos, as ocasiões para as disputas tornam-se cada vez, mais frequentes.Desvanece-se a ilusão de uma serena vida em comum e as altercações contínuas, arrasam os frágeis nervos de Van Gogh.
Beliebtesten Bilder: van gogh:
 Na noite de 23 de Dezembro, por duas vezes, tenta atirar-se ao amigo com uma navalha de barba em punho; mas logo para castigar-se, volta a arma para si próprio e corta uma das suas orelhas que embrulha e manda de presente a uma jovem de bordel. Trata-se da primeira de uma série de crises, que marcaram os seus últimos anos . O período de Arles - o mais fecundo senão também o mais original,- chegara ao fim. Em Maio de 1889, é internado no hospital psiquiátrico de Saint-Rémy, na Provença, numa tentativa de curar-se, mas a situação piora. Todavia, o ano de Saint Rémy é o do primeiro, exito oficial de Van Gogh, convidado a expor no prestigiado Salão dos Vinte de Bruxelas.

Durante o ano que passa no hospício executará, 150 telas e centenas de desenhos, trabalhando como um possesso, embora o seu trabalho seja interrompido por longas crises, às quais se seguem dolorosos estados de prostração. Mas a tragédia é inevitável. Ao cabo de um ano abandona a clínica de Saint-Rémy para dirigir-se- a Auvers-Sur- Oise, onde o dr. Gachet aceitou tomá-lo a seu cargo. De caminho faz uma breve paragem em Paris para visitar o irmão. O médico é um apaixonado coleccionador de pintura e ele próprio pintor nas horas livres: a sua boa vontade em relação ao seu hóspede é imediata e sincera.Está convencido de que o trabalho pode ter uma função terapêutica no caso do doente dificil que lhe foi confiado.Vincent decide fazer o seu retrato, e as sessões de pose do doutor reforçam a amizade entre os dois. Vincent em umas das suas cartas dirigidas ao irmão diz sobre Gadget:

  ...
" Perdeu a mulher há alguns anos mas continua muito profissional, e a sua fé aguenta-o.Já somos muito amigos... ...Estou a trabalhar no seu retrato, com um gorro branco na cabeça, muito ruivo, de compleição muito clara, com a pele das mãos também muito clara, um fraque azul sobre um fundo azul cobalto, apoiado sobre uma mesa vermelha... Tudo parece ir de vento em popa, mas as garras da doença de novo se apossam dele, sem apelo nem remissão. Um dia, dois meses depois da sua chegada a Auvers, preso de alucinações, dispara contra o coração em pleno campo. Estava.se a 27 de Julho de 1890; morre dois dias mais tarde, tendo à sua cabeceira o irmão e o dedicado dr Gachet.

Hilariana

Se eu de bordão e sacola
For bater ao seu portão,
Menina, dispenso a esmola:
Deixe-me beijar-lhe a mão.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Camões

Camões comparado
Aos mais escritores,
Nem entre os maiores
Foi sempre igualado:


Qual deles deu brado
Com tantos primores,
Tais frutos e flores
De engenho inspirado?


Com graças tão finas,
Ciência tamanha?
Estâncias divinas!


Qual deles lhe ganha?
Os mais são colinas,
Ele é a montanha!

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Cantigas Populares


Ó ares da minha terra,
Vinde  por aqui levar-me:
que os ares da terra alheia
nao fazem senão matar-me !


 Trabalhai, dobrai o corpo,
se quereis ter algum bem;
olhai que nas eras de hoje,
quem não trabalha não tem.


Eu casei-me e cativei-me
"inda não me arrependi:
quanto mais vivo contigo,
menos posso estar sem ti.


Minha mãe é pobrezinha
nada tem para me dar:
dá-me beijos coitadinha,
e depois põe-se a chorar!


Minha mãe era uma santa,
por quem sempre chorarei,
porque amor igual ao dela,
nunca mais encontrarei.


Nem só de alegre se canta,
nem só de triste se chora;
de alegre tenho eu chorado
e de triste canto agora.


Cláudio Basto, (Flores de Portugal)
( o médico professor)


Cláudio Filipe Oliveira Basto, nasceu em Viana do Castelo em 1886 e faleceu em Carcavelos em 1945
Era formado em medicina ainda que paralelamente se tenha dedicado  mais ao ensino em escolas secundárias e escolas profissionais e ao estudo dos costumes da  língua e literatura  portuguesa como professor  e com funções de médico escolar
Escreveu e publicou vários livros entre os quais « Foi Eça de Queirós um plagiador? » 






domingo, 25 de dezembro de 2016

O meu Pai Natal angolano


sábado, 17 de dezembro de 2016

Presépio

Dos teus vários brinquedos de criança,
muitos dos quais te dava o Deus-Menino,
há um que mais perdura na lembrança:
o presépio que armaste em pequenino .


A igreja de cartão que tu fizeste,
onde um par de bonecos se casou!
E o desgosto profundo que tiveste
Quando o padre de barro se quebrou!


Um galo empoleirado sobre um sino,
de bico muito aberto de contente,
cantava anunciando que o Menino
sobre s palhas nascera humildemente .


Mais além, era um rancho que folgava,
com guitarras pandeiros e violas,
tendo à frente uma preta que dançava
brandindo com salero, as castanholas


E lavadeiras, frescas e formosas,
entoavam canções ao desafio;
e, arregaçando as saias vaporosas,
lavavam debruçadas sobre o rio.


Junto à fonte, sorrindo em seus afagos,
namorados juravam seus amores.
E, descendo a colina, os três Reis Magos
caminhavam à frente duns pastores.


Ao pé da gruta onde Jesus dormia,
um soldado de chumbo, prazenteiro,
com a sua espingarda o protegia
de qualquer inimigo traiçoeiro.


Eram estes bonecos tentadores
que te encantavam num ingénuo afã,
entre velas brilhantes de mil cores,
que se apagavam, só com a manhã.


Foi como se apagou a minha luz,
lançando sobre mim, um negro véu,
naquela madrugada em que Jesus
te arrebatou consigo para o Céu.


Bonecos de expressão entristecidos,
tendes segredos que só eu desvendo
E há vozes no ar gritando, indefinidas,
que dizem coisas que só eu entendo.


E destas rosas de papel, agora
que o tempo as desbotou sem piedade,
o mais vivo perfume se evapora:
- É vivo o perfume da saudade.


*Poesia escrita após a morte de um filho


ESPÍNOLA DE MENDONÇA  (do seu livro Gerãnios )


Francisco Espínola de Mendonça nasceu em Ponta Delgada em 1891 e faleceu  na mesma cidade em 1944

Poemas inconjuros

  A espantosa realidade das coisas É a minha descoberta de todos os dias Cada coisa é o que é . E é difícil explicar a alguém quanto isso me...