quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Meu País Desgraçado

Meu país desgraçado!…
  E no entanto há Sol a cada canto e não há Mar tão lindo noutro lado.
  Nem há Céu mais alegre do que o nosso, nem pássaros, nem águas…
  Meu país desgraçado!… Porque fatal engano?
  Que malévolos crimes teus direitos de berço violaram?
Meu Povo de cabeça pendida, mãos caídas, de olhos sem fé — busca, dentro de ti, fora de ti, aonde a causa da miséria se te esconde.
  E em nome dos direitos que te deram a terra, o Sol, o Mar, fere-a sem dó com o lume do teu antigo olhar.

Alevanta-te, Povo!
  Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres, a calada censura que te reclama filhos mais robustos!
  Povo anémico e triste, meu Pedro Sem sem forças, sem haveres! — olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
  Reganha tuas barcas, tuas forças e o direito de amar e fecundar as que só por Amor te não desprezam!

Sebastião da Gama

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